13 de novembro de 2009

Abelardoimóvelavidamentesretalhadoassim.*
Cainadoridamaneiraotrabalhoeconventaodia.
Elaboradoaosgritosemcomendassólidasecruz.
Quemvilapródigacorrentempressaslavraodiz.

*diz-se que marx “embirrava” o “assim místico” d’hegel (creio que o acharia “preguiçoso”, ou “enganoso”, veja-se lá), eu, por mim, que não sou dado ao uso do vernacular, escrito pelo menos, digamos que me estou um pouco “nas tintas”.

12 de novembro de 2009

(Sem mais de momento ...)

O trabalhador e o utensílio.

Duma maneira geral, o mundo das coisas é sentido como uma “queda”. Gera a alienação daquele que o criou. É um principio fundamental : subordinar não é unicamente modificar o elemento subordinado mas ser – propriamente – modificado. O utensílio muda ao mesmo tempo a natureza e o homem : sujeita a natureza ao homem que o fabrica e utiliza mas liga o homem à natureza sujeita. A natureza torna-se propriedade do homem mas cessa de lhe ser imanente. É sua na condição de lhe estar fechada. Se ele coloca o mundo sob o seu poder é na medida em que esquece que é ele – propriamente – o mundo : nega o mundo mas é ele mesmo que é negado. Tudo o que está em meu poder anuncia que reduzi o que me é semelhante a não mais existir para o seu próprio fim mas para uma finalidade que lhe é estranha. A finalidade de uma charrua é estranha à realidade que a constitui e com mais razão ainda, a finalidade de um grão de cevada ou de um bezerro. Se eu comesse a cevada ou o bezerro de uma forma animal estes seriam igualmente desviados do seu próprio fim mas seriam subitamente destruídos como cevada e como bezerro. Não seriam, a cevada e o bezerro, em qualquer momento, as “coisas” que são desde o princípio. O grão de centeio é unidade de produção agrícola e o “boi” é uma cabeça da manada, e aquele que cultiva o centeio é um lavrador e aquele que cria o boi é um criador de gado. Ora, no momento em que cultiva, a finalidade do lavrador não é, realmente, a sua própria finalidade ; no momento em que cria, a finalidade do criador de gado não é, realmente, a sua própria finalidade. O produto agrícola, a manada, são “coisas”, e o lavrador ou o criador de gado, no momento em que trabalham, são também coisas. Tudo isto é estranho à imensidão imanente onde não existem separação nem limites. Na medida em que é imensidão imanente, em que é ser, em que é “do” mundo, o homem é um estranho a si mesmo. O lavrador não é um homem : é a charrua daquele que come o pão. No limite, o acto daquele que come é já o trabalho dos campos ao qual fornece a energia.

Georges Bataille – Théorie de la Religion.

Este “culminar” do esboço “Batailliano” do tema do útil utensílio faz me lembrar, não sei porquê, a história do malandro do caím e do pobre do abel que, segundo li recentemente numa curta história de contracapa que não conhecia, continuaria, por tudo quanto é lado a sua cantoria. Não me espanta, no entanto, pois é sabido, desde tempos imemoriais, que quanto mais decomposto – ou descomposto conforme a “sensibilidade” semi-o-lógica de cada um – o nome mais assobia, melodia.
Por vez o acaso deixa-me assim tão perto, boquiaberto, e do que sinto eu sempre aceito não, que neste acaso libertasse, e é verdade que sinto, e permanece neste instante,
em que o acaso mal que fizera soubesse, deste acaso.

(Pois entendo a distância. O nem saber. Sempre entendi o silêncio.)

No coração do respeito por vez o acaso deixa-me assim na face um sabor ferido.

(O jogo não é deste meu acaso).

E não considero razões, também não cego, não digo.

Nunca me tinha a certeza chegado e o que sinto é forte, assim o disse, e o resto, que passa ao acaso e agride é como punhal que rasgasse ...

(mas o meu corpo é forte - decerto porque é deste acaso, este acaso perplexo.)

Sincero (em respeito) sempre ao mundo (que solicitado) o disse em vez do acaso a sós e deixa-me assim, mudo ; e é tudo - respeito, amizade, um bem querer e carinho e terno e tudo numa palavra mais - que disse.

Não considero, repito, e em silêncio retiro.

Por vez o acaso deixa-me assim ... obrigado, não por vontade, ou orgulho, nem por nada deste mundo ... apenas porque o que disse, assim sinto.

10 de novembro de 2009

Dos termos, efeitos.

Dos termos diria* – mais ou menos como o houvera feito um genial humorista ou então sugeriria, estou convencido, Peirce – que são como os efeitos da manipulação dos interruptores. Ou seja : quando postos p’ra cima far-se-ia luz e um, quando trocados p’ra baixo então escuro e zero. Ou vice versa conforme a polarização dos ditos interruptores. Ou tudo e nada, num instante, ou como se queira, instantaneamente. É que no fundo, no fundo seria sempre o “mesmo”. Aqui estar. E seria, talvez, no desenvolver de um tal semelhante “raciocínio” que um certo hipotético e famoso matemático diria que um é – igual ou semelhante ou o mesmo que - zero. Não sei. Mas, e quanto ao “meio” ? Bom, o “meio” seria, neste caso, o próprio interruptor, digo eu. Obviamente que “falta”, nesta “história”, qualquer “coisa” que discerne, paradoxalmente, mas isso, isto, seria uma outra “história”, paradoxal.

*Como olhara, embevecido, o funcionamento de um quadro eléctrico.

30 de outubro de 2009

“As corporações são o materialismo da burocracia e a burocracia é o espiritualismo das corporações. A corporação é a burocracia da sociedade civil ; a burocracia é a corporação do Estado. Assim, opõe se na realidade, como “sociedade civil do Estado” ao “Estado da sociedade civil”, isto é, as corporações. Onde a “burocracia” for o novo principio, o interesse genérico do Estado começa a converter se num interesse “à parte” e, por conseguinte, num interesse “real” que luta contra as corporações do mesmo modo que toda a consequência luta contra a existência dos seus pressupostos. Por outro lado, quando desperta a vida real do Estado e a sociedade civil se liberta das corporações levada por um instinto natural próprio, a burocracia tenta restabelecê-las, pois se se dissolve o “Estado da sociedade civil” cai igualmente a “sociedade civil do Estado”. O espiritualismo desaparece com o seu contrário, o materialismo. A consequência luta pela existência dos seus pressupostos quando um novo principio luta não contra a existência mas sim contra o principio dessa existência. Logo, quando é atacado o espírito da corporação, também o é o espírito da burocracia ; e se esta combatia anteriormente a existência das corporações a fim de efectivar a sua própria existência, procura agora salvaguardar tenazmente a existência das corporações para salvar o espírito corporativo, o seu próprio espírito.”

K. Marx ; Crítica da Filosofia do Direito de Hegel – Presença.
T. – uma comoção da imagem.

Precipitara se
a temperatura em frémito,
insinua a jovem noite,
ainda uma brisa
por dentro das casas
as atenções do dia
desvaneceram em frenesim.

E corro em visita dos sinais.

As cursivas - imagem
dum contraponto
a sincopar dos momentos
em panorâmica vista
na volta do apreender,
que não seja um dia,
outro e a vida
a cada instante, velo
do movimento,
olhares, engalanados
sons do sincopar
a maquinal-regra
de um mural citadino.

Não se ocupara do conformar do planalto o olhar de uma figura sem forma.

Os poços negros, passagens
(ao) suspenso coração da imagem,
lapidam em contraponto o corpo,
ficado nessa noite em fazer dia,

Na escolha diz alocar as resistências em acto que importa.

Da queda em dispersões,
as saídas chegado,
o silêncio das palavras,
seus intervalos matriciais,

E o instante é logo que o fogo começa e deixa se como considerar a entrada, o descanso, e o engano elege se frente aos olhos em rendição e tudo, como as últimas disposições da consciência, em salto, o por fim dum distender - copiosamente - arvorado às multidões do rumor, novamente o vazio.

Profundo dos olhos e os ossos
silenciosos fundos da terra
em contraponto às chamadas
do vale a um cimo destas encostas,

fogueiras do calor e da terra e a noite
em esguios socalcos estendidos
sobe este percurso abaixo a encosta
e o faz correr a face funda,

como para lá dos olhos em sonho
a uma moldura sobre as manhãs
em mais real dos ocidentais exilados
instante em comoção das imagens.

A funda mente e perdida
por detrás dos abismos
passava a realidade
que agarra me o murmurar
(o olhar sente)
os esquecidos segredos
a que chamam sonho,
(no sítio onde pára a poesia).

E o dizer apela o dizer do rumor em lugar dos ossos separados, vale-imagem
de todos dias,
correra muros,
a saudade,
os olhos baixo.

E nesta ideia escrita das figuras em pedra a fundos véu só continua a vista junto (?) que faz o rio à volta.

Por fim o coração atira me
como pode o chegar
ou não esta escolha “antiga”,
este olhar das encostas
de novo em partida, outro lugar.

E não mais, tira se o perfazer das palavras qual desmagnética “figura escrita, sem, ou quais, véus que tomaram se em mar assim.

28 de setembro de 2009

Visual digressão em genitivo.

Deixado após fundo,
o sedimento é que fica,
nos ecos desse apelo,
que passa ao fim,
dum natural regresso,
à vertical fugaz,
da primeira leitura,
qual talismã da reposição,
nos olhos silenciosos,
espaços da caçada,
a providencial maneira,
da silenciosa linguagem,
nas coras do acolher,
a organizada imagem,
dum esquecimento,
em representação,
da potência acto,
do motivo depois,
da caçada estendido,
em umbilical promessa,
da realização da terra,
na primordial caligrafia,
da realizada memória,
da incineração, a flecha.

A oculta chama,
dos olhares em festa,
na extinta direcção,
d’outrora a fluência,
paira qual estranhar,
natural da representação,
o imperativo acerto,
tempo, qual remanescer,
dos ilustres instantes,
expandido, denso, critério.

14 de setembro de 2009

Em Setembro.

O corpo excedente,
a parcial temperatura,
dos compostos conjuntos,
impresso expressos,
estados em físico
sinal, do rito muscular.

O reflexo. Ora em qual reconfiguração dos aspectos tirado o reduz, suspenso, as com notações encerradas o faz os libertos automatismos, o move.

Oscilante e insulado,
o pensamento à escrita,
à ideia, matéria das ondulações,
a muscular abertura,
duma certa aceleração no vazio,

circunscrito,

daqui a local,
e sem daqui deixar,
a local liga,
do iniciar rápido,
espelho disso,
em escrita depois,

duplamente.

Depois, o devolver das polarizações em desmagnético carrossel ou réstea de atenção descuidada fizesse se linha, sulco.

Que por vez lavrava o rudimental alimento.
Os concertados crús rios da pele.
Em totais olhos d’ horizonte alheio e denso.
O tender e motivado em calcinação das cores, a luz.
Obviamente mais acima, árido, a ponte, o céu.

Regórgitos em distensão da memória de um alinhamento intuitivo, primitivo e descritivo, das quantitativas – musculares - técnicas, antes mostras, das palavras do momento. A locução significa, o descritivo sabor entanto entrar a noite funda, talvez excesso, aceleração.

Disperso de nuvem,
a tempo e o vento,
as luas em tonalidade,
e sabor do sal.

O ba®co na areia,
antes do sol pôr se,
o cair d’imagem,
no colorir instante.

Em tom do mar,
e sugestão de vento,
as cútis dum dia gasto,
o disperso horizonte.

3 de setembro de 2009

(entre agosto e(m) setembro)

Reinstalação, em modo (hipotético porém) o esquece, as superfícies adentro, o coincide acerta, característica das cores, da terra ;

por falas e ritos,
dos outeiros e montes,
a madeira e os ossos,
nos braços e palavras,
dos crescendos sinais,
esvanece e distendem,
os ecos do frenesim,

dera,
reflexo,
dos olhos
vaso
ilíquidos,
entardecer,
imposição
das dispersões,
onírica,
oscilantes,
rasgo
dos olhos
castanho,
fundo,
estendido, (numa inclinação de* plano ascendente), ilusão, destemperado ar da vida ágil, podengo, estender das clarificações, dos órgãos, vinte mil guardados elementos da conjugação, noventas, subventas mais longas linhas conversos lanços duma escorreita, (porém vivo e deliquescente), deslocamento das introduções disjuntivas, o após da vária civilização, das línguas.

Alto e baixo
atendido
- altar -
mais ágil
- da tensão -
simples.

Disse o frio,
dígitos do paradoxo,
em fluí duma conversação,
a mostra em recanto,
oscular dizia,
o demais grito,
em espécie do parecer,
as letras do mesmo,
mesmos dum sedimento,
a firma em situação,
o atira sólidos,
da colisão fasto,
olhar, história, marca,
em grotesco o suporia,
o figurado, vazio.

E em si, levas de somenos
rosam se a curvatura da carne
- em distributiva - do mesmo olhar
a casa justa, inflado ao fim
dos tempos, numa consignação corpórea,
extenso e despassado, acto figurado,
em conserto dos alongamentos.

...

E no recomeço,
o extenso dos solos,
nas locações cristalinas,
das curvas em colapso,
e altitude em deriva,
de solene e substancia,
logo a conta firme,
o som duma maneira,
em vias de fundo,
a romper esgotado,
o campo a alta voz,
em sinais de resto, .
e junto as amenidades,
no dizer as palavras,
em passagens apostas,
comportas da decantação
simples, num dois três
em teoria, e não tanto
da escolha, antes
imediato, acto
da lapidação ;

os silvos na montanha,
o ribombar do dilúvio.

Os fragmentos, dum antes irreconhecíveis, fases do acto, combinatório. O sol seco e ávido, resfolegar das cinzas, vermelho, gasto do batimento símil. O som, de nota
- ascendente/descendente – estáticas.

*não do.

19 de agosto de 2009

Agosto adentro.

(primeiro momento em expansão circular, abrangente.)

O templo,
de veste em cinza,
silencioso abrir,
crú d’espanto,
repassado em calipso,
(o coração certa mente)
- contraz –
os longos levantes,
a menos, as hierarquias
das palavras, suas cadeias,
as peças, as suas várias “unidades”.

E chamado aventro das edificações, das matérias, o ciclo.

A fausto arauto
em mor de quanto
e qual
- condensada –
altercação
dos simples,
numa “não leitura”,
novamente..

Contínua.

Que dito se insinuasse
a espaço aberto
um tal andarilho,
incansavelmente,
as determinações pura e simples,
as derivas crescendo,
as arestas os soltem,
os rumores duma oriental
fáceis actos sem fim
constituído, esse,
em linha de contra
corre, a nota,
tirado em espaçamentos
se impusera o tempo
dantes fora quais
princípio d’tal imposto,
não digital,
depois das contagens,
por ligação difere,
adentro outrora,
o dizia celas de infinito,
as rodas de oriente em chama.

O constitui quaisquer percursos – descolocado - estender dos quantos/quando audíveis único olhar desse o diluir dos desgastes, dialécticos, o “portanto” da posição extática.

Numa,
- pressístilizado -
potencial
auto
cora
são
gera
entrar ditado
das mecânicas em queda,
livre, as suspensas,
desenfreadas automações,
o demasiado veloz.

E depois, refiz ante o perfilar dos ensaios, ou seja, numa construção dos relógios.

Edificantes, considerar discreto estar de fundo, por assim dizer, as progressões, o meio actual, o campo das cores, a multiplicação, logo, as vacuidades, de ausência em ausência, numa estatística estratificação, a um cada um, conforme, ao panteão duma cantiga, dum coro.

do branco as cores,
as cores do branco,

numa utilidade,
quase perfeito,
o seja, rodado
defeito, fosse.

Vazam cintilante
o acerto ir da súmula
aos extremos do garrotar,
consequente altar da permanência,
onde adormece o destacado levante,
(por virtual composto, em descompasso),
lugarejo de tecto vazio,
trajecto ao peito, junto, xaz.