25 de setembro de 2008

Do cintilar aberto erro o fio (a)lado à vista das angras ressequidas em denso palavreado que faz se carga, dos ecos, impresso, auto, fixo.

Faz envio o mais ou t®inta por linha de onda simples em destacado arco na nítida distância, rios de cores cruzadas, visitadas ao alcance da previsão e perto às longas latitudes.

Sincopar depois do desvario acomodado já o seu pertencer se sai traçado o solto caminho onde prouvera ser, como (n)um salto que busca os solos de conversão, ao fim do rio farto, do porquê, mas não mais.

Passa o sonho o que aspira se ao sol atento sem fazer ideia, até que a ideia chegue, tecto isso, antes, a um observar adquirido nesse instante, como sem cor.

címbalo impossível ;

é nisto que atenta a recordação que junta se como só fora fio,
de cá, de lá, feito ou como que imergido de sol, do sol toque,
como memória impressa, afecta, do instante soberbo, híbrido.

24 de setembro de 2008

Artaud - Fiz um sonho excessivo.

Eu era um tronco lamentavelmente cerrado entre o ferro do sangue e a chave da compressão que faz árvore, era, portanto, esta árvore de sangue jorrado da volta extrema da minha chave. – E avançava no imenso mim mesmo quando compreendi que não avançamos em si mas em parte nenhuma, e que o eu é esta ilusão criadora de insectos chamados eternidade, infinito, cosmos, universalidade. – E que todas estas ideias eram seres que me afligiam da sua obstinação em fazer se viver porque um dia me abandonei. – Pensar princípios em vez de pensar seres com seus corpos foi a fraqueza que deu à luz esta imbecil humanidade que do cume do seu espírito santo pensa as árvores pelo rebento em vez de as sofrer primeiro pelas torturas da raíz e da tortura da sua raíz compor, pó a pó, a terra que lhes dará de crescer. –

Veremos o que se sustentará melhor disto que criei ou disto que destrui.
Ficará destruído o que destruí, ficará criado o que criei ?
Pois é preciso que as coisas me peçam para ficar para que eu as aumente.


Antonin Artaud ; Textes et lettres écrits á Rodez en 1946 ; Oeuvres.

22 de setembro de 2008

Os Seres ...

... não saem
à luz do dia

e não têm outro poder
que não seja o jorrar
na subterrânea noite
onde fazem se

desde a eternidade,

e passam o seu tempo
e o tempo
a fazerem se
assim,

e nunca um
sequer se produziu.

É preciso esperar
que a mão do Homem
os tome e faça

pois só
o Homem,
inato e predestinado
têm
esta temível
e inefável
capacidade

de tirar o corpo do humano
à luz da natureza
e mergulhá-lo vivo
no clarão natural
onde o sol desposará,

por fim.

Antonin Artaud ; Textes écrits en 1948 ; Oeuvres.

16 de setembro de 2008

Memória do deserto.

Começara ao ali cair
o tempo a fazer se naquele estado
a caminho, e o olhar, no deserto.

(N)aquele prévio tempo como altura do dia e logo
é raio alto e só imenso o caminhar, e quanto pior,
que o melhor do que aproveita o deserto, ao deserto
é seu fim, feito e nesses dias, da memória, do rarefeito
ar, cerrado ; o claro olhar no ir do deserto é que cai fundo,

Estãncias dos de si mortos e no deserto as por completas
paixões como séries de passado que sempre traz o grito e
gaza a memória que enquanto corre é não mais do que a
miragem de um avanço, ou pé após pé, ou mesmo até ao
depois do deslizar da memória soberba ou os seus traços
incinerados, ou o sol no braseiro, do deserto.

Já não queima após este o levar por quanto tempo caído e
apenas o deixa, calcinado, o traço que fica dessa memória,
do deserto, e aquando das horas que ausenta o aval da hora
passa, da miragem, da cólera que dali corre e tudo fica ao
tempo faz se, nessa hora o deserto do silêncio, olhar aberto
por instante ; e tudo isto já não é mais que o valha, ou tudo
antes que passo, após passo como pode ser no deserto, nele
os olhos vistos a claro contado traço de, pois, do deserto.

- e é memória da memória a do deserto -

12 de setembro de 2008

Qual disto quer se falar
a não pensar e nisto
ilude, o atingir fundo,
a soprar a névoa,
que não deixa,

e antes,

(o que dir-se-ia)

o ri te qual que dá-te vida
e como questão,
e porque meio a soltar,
o punho desconforto,
ao forçado continuar,
e atento, o momento, que
força se o estado, esquece,
solta que sabe o lá, lá está,
livre na mão, isso, na mão.

E propriamente mantém se nos rodados instantes da zona,
ausente, ou até do que é chamado o cume que parece ;

que

ri,
da,
e,
logo
do
rodo
dá,
e dá de si,
do daqui,
de si

a (resposta).

por reverberado galanteio de solenidade
ou outras ondas soberbas tomadas de
ressonância e veste, magnética s termo,
o dizer, e logo fundo a livres pó s solene s
tendido plano que falta um dia, que dizer
e logo outro vácuo o instante e trabalha,
fundo de outras letras e lugares de pé, pois
seja o que diz, se, faça, que não -

e depois digo como que funcionar traçado e fito isso,
a ver outro apagar -

de facas
frio s

solene astral que fixo
e
mais nos não fique por que já os olhos cintilavam,

e é o que se quer, e o discorrer, e por aí a mais, e por aí a mais, ou que seja, logo se põe, digo, que ficar fico , o que por lá têm se, a metro, ou o que, por que havia a dizer, é ; assim a mais mas como que litrado de desconexão, assimilada ; e mais, e mais :

- li pi ri a di, do, da e fica di, s, tinto, cai –

(e para mais já basta assim, dir-se-ia. onde ?)

Já, mais por algo se pudesse contemporizar se disse
a solução a levantada e logo (a) estoira se em desmando,
rasgo que acerta se em diz, em trato da distância, como
palavreado da decomposição a dez rios de artes várias.

Uma adiantada locação tirada do desdiz se ali chega e são logo do s olhos as longas alturas, (como) pronta analógica s e posto é à solução e diz se, outra vez, o que te passa,
e fá-lo, limitado -

faz correr
ideia
que traz
ideia,
e só atenta,
e logo limita,
pois não ;
que :

ala cardume do alto raio da fila de cá que cá lá faria o fantástico comemorar, sita, tino, rio, em solução de água doce e linhas de produção lançada, como for estado, o que logo foge - (a)

liqualitratrodesidenamais

o

– al.to.de.ta.vi.º


- que leva as roucas soluções de análise, à astálise, onde ficaria, assim, como que não mais ligado em estratos de.
at. (ª) mn s

ou seja ;

em rasgado li,
num longo li,
em trode,
ou safio

ou que seja o que tarda no olhar que quer se e nos olhos que batem,

que
mais
e
mais,

que pois,
que sim,
que não,

que são ?

28 de agosto de 2008

laminal
corte

o estado vazio esta palavra
que fala,

que é sempre,
e como fazer
surgir

na tela do junto instante

a
palavra
à palavra

(que não é ideia)

ou qual dizer como qual corpo deste,
ou disto, que faz se choque,
ou pensamento.

19 de agosto de 2008

Lamuerte#3

Sonda a morte ao que levanta se
na garganta o porquê do baixo canto
da vida e o amor murmurados,
hábito do dizer vazio, cruzado
traço te o que chega sincopado
mente um qualquer destino que nos cerra,
o contado prazo e a pintada ficção feita,
tua, digo, soberbo o rebentar silêncio o dia
o diz, a velha morte atento como no clarão azul -

pois lançado grito ou fácil por diante vocifera sabe,
como inteiro instante o teu mal surgir, agreste
em cada grito ou grande o morrer na voz que cai
tira te, à luz da morte e ao signo o clarão dela
que possa partir e deixar me, enfim, na junta
vida a morte assim que corre ou dizer, ou nem isso –

18 de agosto de 2008

An.

Logo

do
estado

corre
o erguer

que tolda o magnífico véu s,
os rasgados recortes ;

como :

afoito do grotesco a ressurgir em comédia,
ou anómala música da locação que escapa,
diz se, mais e regressa nunca aposto ou talvez,
como mil figuras ou toldado das canções,
que esgotam se aos olhos, do espanto que falece, diz.

12 de agosto de 2008

Baudrillard.

O simbólico é o que põe termo ao código da disjunção e aos termos separados.

É a utopia que põe termo aos tópicos da alma e do corpo, do homem e da natureza, do real e do não real, do nascimento e da morte.

Na operação simbólica, os dois termos perdem o seu principio da realidade.

Mas o principio de realidade não é mais do que o imaginário do outro termo. Na partição homem/natureza, a natureza (objectiva, material) é unicamente o imaginário do homem assim conceptualizado.

Na partição sexual masculino/feminino, distinção estrutural e arbitrária que funda o principio de “realidade” (e de repressão) sexual, a “mulher” assim definida nunca passará do imaginário do homem.

Cada termo da disjunção exclui o outro que se torna o seu imaginário.

Assim acontece com a vida e a morte no sistema em que nos encontramos : o preço que pagamos pela “realidade” da vida, para a viver como valor positivo, é o fantasma contínuo da morte. Para nós, vivos assim definidos, a morte é o nosso imaginário. Ora, todas as disjunções que fundam as diferentes estruturas do real (...) têm o seu arquétipo na disjunção fundamental da vida e da morte. Eis porque, seja qual for o campo de “realidade”, cada termo separado, para o qual o outro é o seu imaginário, é assediado por este como pela sua própria morte. (...)


Jean Baudrillard ; A troca simbólica e a morte ; ed.70

11 de agosto de 2008

O Aviador prevê a sua morte.

Sei que encontrarei o meu destino
Algures entre as nuvens no alto;
Eu não odeio a quem combato,
Aqueles que eu guardo eu não amo.
A minha terra é na margem do rio,
A minha gente é pobre na margem do rio.
Não há fim que lhes faça perda
Ou assim os venha alegrar.
Estadistas, multidões de ensurdecer,
Nem lei nem dever me fizeram bater ;
Um solitário impulso de delícia
Trouxe-me a este tumulto nas nuvens ;
Tudo considerei, tudo fiz consciente.
Os anos vindouros viam-se vãos de alento,
Vãos de alento eram os anos antigos ;

- em balanço com esta vida é esta morte -.


W.B.Yeats- “The Irish Airman Foresees his Death” - Tradução livre.