18 de fevereiro de 2009

Quem escreve nas palavras, o seu sentido nelas, nunca chegará à palavra. E nunca é uma palavra, até ver. E um poderia jogar qualquer jogo desses de cada vez das palavras com mais ou menos esforço, mais ou menos desgaste. E ninguém joga o jogo que joga todos os jogos de palavras e obviamente neste ponto pôr-se-ia inclusivamente em sentido o ser tornado como a qualquer aquiescência do tipo molecular, ou pelo menos poderia fomentá-lo, nesse sentido, e isso, eu, não quero.

12 de fevereiro de 2009

A tempo norma de língua.

- recantada -

De fundição
a tal num ocorrido
dar se o calor
numa lânguida ocasião
do tépido toque.

Em rota de colisão da sombra.
Por alterada espuma escorreita.

9 de fevereiro de 2009

Índice musical.

Será que se poderia avaliar do grau socializado/socializante da música em função da maior ou menor preponderância do ritmo ou da melodia - do peso ou da leveza – na composição ?

Obviamente que, neste sentido, a “pura melodia” seria “anómica” e o “puro ritmo” (bloco) de cimento local.

Isto, obviamente, não se tratasse aqui de música.

Verdadeiramente ...

... apenas existem macacos para satisfazer se da imitação dos gestos de um outro no seu próprio corpo e dos seus pensamentos na sua própria cabeça e para dizer que os pensaram enquanto que são eles que pelo próprio facto são cortados do pensamento.

Antonin Artaud ; Suppôts et Suppliciations (1947) – Oeuvres.
Corpo.

Visceral ; imperativo o movimento expulso ao olhar do fazer após como emergente elocução, urgente imagem de nada.

visceral
obtuso
nada
a
náusea
do vazio
feito
acre
líquido
negro
o
fel
fundo
à garganta
do
tomado
peito
a fundo,
como certa memória demais revelada, presente.

Chamada ao coração visceral (n)um movimento (que é movimento) ou passagem que ascende a uma desfeita transformação, com paixão.

A processada matéria pulsa como que num adquirir primordial o corpo a saber ; e quão mais forte o coração do trato expande se a matéria mão em contorno local o corpo e os nomes do movimento visceral em produzir excedente num processo de extensão em dedos fluídos que chegam por ondas de posse aos pés, braços, sexo e nariz num despertar dos tecidos inundados de esclarecido cardíaco, como espécie de fluído vivificante que tomasse posse dos fragmentados territórios cardíacos.

O discurso do som fácil surge após o fixar do território como busca da “parte” perdida, desejada, num estado de excitação visceral que purifica se numa rítmica cardíaca da propagação em elementos. Como órgãos em ritual de posse que dir-se-ia num exercício de abraço, de coordenação, de contenção, da razão que é o desligar (cortar) no instante perplexo, antes, no momento digestivo da luz e onde, porém, algo se perde.

E para fora disso tudo diria os alternos termos, o corpo corrente, entre contado e função.

Concede se então num último laço da ilusão, em, que, como, que, se retira o corpo hipotecado numa função, disto, que se queria para começar.

5 de fevereiro de 2009

Dos termos em linha.

Qual, natural
apelo - que toca e foge -
o lamento, (n)uma outra nudez
por mesma maquinaria
duma reacção – conjuntiva -
nas soterradas partes ;

do que pensa ser,
que deve ser ;

como :

Numa analogia do funcionamento celular
(i)conomato às portas do arremeter
- sincopado, e abrupto –
ou contrato das cultivadas danças
num subterfúgio do apagar
à terra da mão manifesta.

Oculto convém selado à representação
como imposto da violência por voz
- assente e espessa – à vista do nu, abjurado nó.

Ou ressentir no mundo ; o que é como rápido movimento furtivo que toma se por indicação adversa no sítio que de bom se impera em contraversão do ardil, em diz soar.

E como falo isso de cor
e tornado a fere, e vêm
das tecidas noites,
o vale em festa,
à volta das fogueiras,
a ressoar num refazer da cor
das tendas e dos tapetes
de cinza das partes
num apelo genérico,
ou de intenção – estepíficamente - genérica.

Escolhido à vista do mundo,
tirado numa mesma volta
- por regulado, interlúdio, intempestivo -
em tecto de chispas
dos separados dum corpo
caído em processão do lamento.

Adiante o laminar furtivo som deste cortado que sinto à rápida passagem da face do marte cheio num murmúrio animal de arremeter a pé gasto o cimento das fundações da fuga ;
E numa rápida sucessão do deslocamento
- o inverso – disto e de novo dali acelerado
a uma solução deste fogo o tornar de aquecimento
global nesta casca gasta e ressequida do calor
à temperatura de passagem ; termos que volatem se
como num demais expandido e esplêndido o coração
a gasto baque da bruma como sôfrega entidade
- surda/enraivecido íman numa anunciação - sólida –
das falas em convexo

escarpo
cálido
o cabelo

das pedras fendidas a um só gesto
em riste, a mão, oposta
paixão do novo irromper
num súbito desalinho
rasgado das fontes novas, acto
alto, como a nossa figura limpa
numa actualizada “ideia”.

De basso (a)dentro – os sólidos - magnetos
acelerados numa combustão espontânea
e por descargas de inversão contra lançadas num salto,
o efeito, em campo de instante confuso
- desmagnetizado - num momento sorrido
da recordação liberta em curto circuito
sistemático duma paixão corrida

a fundo

aos olhos do marte cheio,
assim, desalinhado e nu.

Agido à figura abre a pós da parede
e refracta numa linha de vento
o traçado sorriso – desconfuso –
engrandecido a tropel das manifestações

que vêm ;

largos, louco a trejeito que diz se a matéria, cega e nua, que vai se o arremeter do ano, os possíveis impérios da pedra desmoronada ; antes fasto, único, duplo gesto – o movimento – que daqui fende em novo instante, o acto do qual se adianta.

28 de janeiro de 2009

Momento de apor as palavras
o sincopar que lhes mantivesse o brilho
separado ao cair na vigília.

Raias do som – nelas -
o a feito silêncio aos bocados
em ânimo num plano diurno.

E não se trata deste ou daquele dos tecidos que dizia – ígneos - do “pensar” as palavras deixadas em devaneio das formas, como som “encorpado”.

Mais que isso é pó do deserto. Subtil aferir adentro os antigos decompostos.

27 de janeiro de 2009

( ... ) o facto de que a oposição negativa se transformou em oposição positiva faz bem aparecer o problema (...) . Na medida em que estão ligados à realidade dada, o pensamento e o comportamento exprimem uma falsa consciência, contribuem para manter uma ordem de factos que é falsa. E esta falsa consciência é expressa num aparelho técnico preponderante que, por seu turno, o renova.

Vivemos e morremos sob o signo da racionalidade e da produção. Sabemos que o aniquilamento é o tributo do progresso assim como a morte é o tributo da vida, sabemos que a destruição e o trabalho são necessários à partida para obter a satisfação e a alegria, sabemos que os negócios devem prosperar, sabemos que visar outras escolhas é Utopia. Esta ideologia é a do aparelho social estabelecido ; para poder continuar a funcionar ele precisa desta ideologia, ela faz parte da sua racionalidade.

No entanto o aparelho põe em cheque o seu projecto se o seu projecto é criar o acontecimento de uma existência humana numa natureza humanizada. E se tal é o seu propósito, a sua racionalidade não é mais que suspeita.

Ao mesmo tempo ela é mais lógica pois que desde o início o negativo está no positivo, o inumano na humanização, a escravatura na libertação. Esta dinâmica não é a do espírito, é a da realidade. Uma realidade para a constituição da qual o espírito científico desempenha um grande papel ao associar a razão teórica à razão práctica. (...)

H. Marcuse ; L’Homme Unidimensionnel.

.

O labirinto.

Dizia se de reflexo as pontes de afecção ao assalto da sua memória.
E novamente grotesco numa provocação que o faltava.
O pois que seria numa processão lacónica.

De música acima ora abaixo o mesmo instante em vice versa.
Num compromisso agora falado a respeito do mármore.
Em comunidade de heróis.
Num valor da terra :

Numa ávido em combustão do retiro.
Aos carreiros em circuito de água doce.
Outra esférica espera enzima em solução.
Atirado aos montes num perfeito andariar.

E só, que numa sonolência por feita de alocução, ouvistes ?

Conclusão expressa do pó espalhado em penumbra.
Sóis que dissesse se ancorado em prazer.
Que duvidoso era as sombras de um crepúsculo repentino.

O Lugar dos sangréis.
Os ouropéis em languescência trajada.

Estranhado ao corropio do sangue era o aluir num raio.
Quilómetros por redor aos alertas da lua baixa.
As semânticas em luminosidade.
Branca como a cal quê.

- na parede –

Em conjunto à mirra.
Ao plástico contratado.
E num balcão afoito.
Junto a si.

De cabeça, lastro, e fundo.
Num “provir” das marés silenciadas.

19 de janeiro de 2009

(...) perguntaremos sem dúvida porquê não existe metafísica senão apenas na e pela nihilização.

Qual fatalidade quis que o próprio instante, por uma intuição no sítio da espera, se revelasse, necessariamente, como cessação de qualquer coisa e suspensão da plenitude ?

A tomada de consciência metafísica dos princípios, sendo consciência do facto dos princípios, é, forçosamente, consciência da sua gratuitidade de fundo e da sua supressibilidade.

Por exemplo : o principio de identidade é necessário, mas o principio do principio de identidade é um facto, um dado arbitrário ; a necessidade é necessária, mas a necessidade da necessidade é um facto, e este facto da necessidade necessária é contingente ! A questão é agora de saber como faremos (...)

(...) O instante intuitivo é com certeza qualquer coisa mais do que o minuto de embaraço ou de aporia que se segue ao ictus emocional ; a instantaneidade (...)


Vladimir Jankélévtich ; La Philosophie Premiére.