7 de novembro de 2016


Nitro benzeno - like.

Foco pontual ao ponto de navegação.
E os céus aproximados da substância
Propícia em guacamole de conjunto.

Um bom dia para ti também.
Não tarda aí o inverno
E lembra-me pois, de manhã-
Exactamente o que devo fazer – por maneira douta
Ou então saio já aqui.
Recomendo o sociávelmente
Apelo de estar a dor
Da memória escrita com tudo ao abandono
Numa inexistência disposta
Que conheço mais ou menos… e sinto-me
Como se me pertencesse
A algo de maior
Em comunicação verbal… de ausência
Senão morreria.

Quero deixar expressa
A imagem da posição das figuras
Em movimento para mim -
Pois também para mim apenas o significante
Conta - isso de tão perene
E palpável como a existência
(ou a inexistência) de uma tinta
Que assente bem
Recatada de Ifigénias ao amanhecer
Do touro ou ainda mais
À espera da lua cheia e candente -
Uma quanto e necessária manifestação
Do aspecto reclamo
O sentido alimentar nas funções manuscritas.
E isto na hora da marítima.

Quero portanto apresentar-me.
Sou eu destas pedras da calçada em basalto agreste
Exorbitantemente em passeio
Nesta vida que de tão intensa quase chega a desfalecer…
Mas estou bem, tropecei naquele instante
Mas estou bem, e agradeço a pele
Já que as bebidas
São de um gás ligeiro e ainda mais deliquescente.

27 de outubro de 2016


Tudo o mais ficaria bem
Continuasse a fanfarra à maneira dos malucos
Com cinturas de coisas
E palavras postas a concurso.

Deixa-me só terminar este cigarro
E vamos daqui p’ra fora a um outro dia de mais palavras
Até que eu seja o caso de ficar desfigurada
Nos gritos com que me corto neste vazio que me invade
Rasgada dessa imagem que não chega…
Olha-me, poderíamos sair a dizer
Desta agitação que me rodeia de línguas e sorrisos
Mas primeiro gostaria de me permanecer
Refletida nestas vidraças iridescentes
Enquanto cais na pálida tarde e deixas-me ouvir-me
Debruçado a decidir o que te parece distante
Daquilo que te parece distante
E chega da tua indiferença – dita-me
Desse lado antes que me chegue o silêncio –
A presença, qualquer coisa, diz-me que tenho de ir.

Adormecido ruíra a tua face
Em compartimentada presença os murmúrios
Que dessa e desta parte não reconheço
O reflexo e gasta-me a pele
Em debandada qualquer expressão… como sendo.

26 de outubro de 2016


Diz então como dizer
Composta por palavras
Essa maneira de insistir
Que toca o olhar liquefeito
Ao demorado recanto
Do ritual disposto
Em sobrepostas camadas
De uma argila muito fina.

Em caso de dor
Sobra o histórico percurso
Matizado a cabelos
De embriaguez nos degraus
Da manhã cedo
Pois também
Eu fui jovem, risonho diz.

25 de outubro de 2016


Idade

Significativamente soletra
O devido espaço/apreço da cabeça
Em cânticos da região
E nas mãos depuradas a idade
Avança e a pele acetina
Naturalmente nesta altura do ano.

24 de outubro de 2016


Máquinas silencosas.

Como estar feito de espanto
E alguns destes corpos sucumbidos
Em combustão lenta - residual
Da noite estes movimentos inventam
As memórias dos semelhantes abraços
Que parecem a noite apenas
E a noite cheia de luz num dia aqui.

Qual velo de procissão distrai, sabendo, no entanto, do que é feita a distracção:

A significação de uma qualquer coisa
Investe os recortes de luz nas formas motorizadas
De alguma vegetação
Qual rasto de circunstância
Mecanizada e centelhas de chaminés
A exalar sinfonias
Em aproximação ao lugar desconhecido.

O resultado de semelhante percussão apresenta-se a cada dois ou três dias naquilo que é considerado o seu modo garante e o mais prodigioso dos concertos que atenta ao pormenor e à regeneração do património através da elucidação e da dilucidação de todo um conteúdo sufragado ao modo do acontecer propósito do artelho batalhador e do barro e sua demais constituição assim glorificada disso.

Tudo ao acaso no pensamento da imagem feliz.

O que por semelhante elevação pedestal não saberia perder em consciência tais mananciais de literatura com todas as letras substanciadas em rotação recipiente e consensual qual oração do pão para todos que é a máxima que desprende-se a cada linha universal em fio condutor das arquibancadas e das vozes aparecidas e desaparecidas num relance considerado em centelhas da nova luz e na sólida tradição da mais valência à sombra dos expeditos telégrafos e da bem-aventurança arremetida noutros elementos.

A grafia disso …

É como a elegância do contorno que excita uma certa proliferação de uma certa abundância e ainda uma certa degustação sendo que qualquer proclamação do bom gosto ou do bom garfo é relativa como o tempo e precisamente porque está de chuva a delicadeza quer seja ela do traço ou da expressão contida em sedimentação silenciosa fica no aparentemente distraído mordiscar dos lábios que empresta-lhe um ar desprendido e como que casualmente concentrado pois não é por ser minha mas ainda bem que a população dos ligeiros não para de aumentar, é uma constatação:

Mas será que por estes lados ainda não sabem que o mundo acabou? – pensou consigo.

Outro dia esvaiu-se
Focado e languescente
Nesta cor de chuva
E o rio pincelado
De silhuetas - oscilações
No olhar percorrido
A verde e torrentes
De pedra impaciente
E momentos de vegetação.

Por maneiras de quem diz não-não vou sair na próxima paragem até porque está muito frio e mantenho o que disse aos olhares que em volta se buscam nunca vi mas não me desgosta pois o correr da forma é outra coisa não como a luz de uma certa cor de fundo e firmamento súbito de azul e desertos brancos bolbos de sumo pardacento e ácido.

Por razões à partida da terra
E paredes velhas
Arcas de tijolo colorido
A frio no tempo
Veloz esvanece o espaço
Permanente lugar das escritas
Invariáveis não
De menoridade mas de gozo.

E correm os territórios
De olhar passageiro e mendicidade
A framboesa invisível
Sombra do vislumbre
E forma das palavras
Por detrás dos espelhos
Magnéticos nomes da canção
Da luz o mesmo
Olhar suspenso em panoramas
De sedução e cor
Sólida no tempo inerte.

Que num movimento lento de expressão passível gesto interlocutor exercitara o rasto pista de primeira terra.

19 de outubro de 2016


Suavidade

A suavidade encíclica do pedestal clássico
Por hábito antigo de anatomia
Do sangue calcula a contínua migração dos povos
Potenciais num particular da solenidade
Entronizada ao cuidadoso manuseamento dos materiais
Multiformes em pertença líquida.

Numa ligeiríssima diferenciação
Do resto faz da pertença a antecâmara
Da partilha ou o acontecer
Manifesto de uma certa casualidade – o chiste ocaso –
Que quando alimentar
Fica e fumegante padece de uma certa uniformização.

Na esfera orbital do pensamento o pintar deste acto físico excita a substância em subsistência e não é verdadeira oscilação como nos decálogos antes suspende-se em memórias de uma certa emancipação integrada.

Do que afinal pouco fica
E nos braços que são
Como quem não carrega
O sopro que dali os entreolha.

Esta sentença corta como o “verdadeiro acto” da criação e da ligeira tendência e conquista e é reconhecida por momentos como sendo a memória da implantação de uma qualquer outra coisa que percorresse em processos de passagem a desapiedada condição das montanhas altas e o relevo que persiste em calafrio na pele as ancestrais verbas da vaidade.

Permanece assim como o não atingido movimento da cor estupefacta numa expiração que sobe regulada a um ponto de luz e percorre os dizeres da falta por meio de um qualquer tempo depois da vida ou o que seja da mais leve inexistência a um qualquer fundo inolvidável e em respiração pausada, como nos filmes.

14 de outubro de 2016


Palavras – umas a seguir às outras.

Nada é palavra
E a palavra floresce
As abundantes palavras
Febris - primaveris
Umas a seguir às outras.

Como na multidão
Das fábulas os sinais
Da ágil travessura
Na imagem de ser muitas
Palavras num céu
De azuis já esquecidos
E palavras que chegam
E dizem da primeira
Na segunda pessoa.

13 de outubro de 2016


O aprendiz

Uma mesma falta e o mesmo reconfortante cansaço. O cuidado de insónia e os olhos cobiçados ao que sai da regra – o mundo. Dissipado no que das prosas sobra em corpo abre e sobe e desce e as cadências chegam, preenchem de representação.

Pálidos decibéis outonais
Um cheiro a terra
Erigida – habitada, restrita.


A silenciosa sintaxe do signo na parte medida e perdida ao mesmo instante em escalas de paradigma e circulação do peso, ao centro, a falta investida em palavras que, na imagem do minuto só seu, carregam uma oração de tudo e a vista frugal do tecido.

Gargantas sequiosas
De cenas e combustão - o ápice -
E naturalmente o vazio.

12 de setembro de 2016


Mitos - fronteira - etcaetra.

A semelhança hesita
O transporte ao momento
Seguinte repente
Do qual se faz figura
Escrita e acontecimento e objeto.
Como arestas
E mais a luz que as ilumina
Chama palavras
A receber-te aqui – pormenor –
Do que ficou por fazer.

9 de setembro de 2016


Diz então como dizer
Composta por palavras
Essa maneira de insistir
Que toca o olhar liquefeito
No demorado recanto
Do ritual disposto
Em sobrepostas camadas
De uma argila muito fina.

Em caso de dor
Fica qualquer visão
Do histórico percurso
Matizado a cabelos
De embriaguez
Nos degraus da manhã
Cedo, que também
Eu fui jovem, risonho diz.

25 de junho de 2016

Mais logo

Começará o jogo
E não quero perder em consciência
Nenhuma das repetições
Em slow motion
Poderia vê-las mais tarde
E na íntegra - com certeza que sim -
Mas não era a mesma coisa.

19 de maio de 2016


Da vírgula

Os mesmos formais carregados de cinza subitamente voluptuosas placas de céu carregado.

13 de maio de 2016


Uma paisagem desfila no tempo
duplicada entre as superfícies do vidro
e as curvas de uma cor que entretanto morreu,
escapa da penumbra num momento
que não tem nome, oscilação de luz ou nem isso-
um jogo de cambiantes, de superfícies pisadas…
por exemplo: musgos em posteridade
e copas de um arvoredo nu a castanho esgotado
e traços de estação, ainda não chegada
ou apenas em mudança, ou assim o quero acreditar-
nada muda e a luz é outra,
efeitos de um clarão ou nem isso,
ao longe parece uma montanha de água
a descer em cortina sobre o rio,
nasce da multidão das nuvens e vem poisar
a serenidade aparente dos caules
como cimento velho na estação do silêncio-
envolvida do pormenor impávido,
das desconcertantes cadências, soberanas
colunas de socalcos celestiais
que dormitam debruçados, sem nome,
no outro lado do silêncio, visível forma do tempo.

Estava a nascer o dia,
mas permaneci deitado
a aguardar o levante
que observo agora
da janela embaciada-

Sinal de que a noite foi fria, húmida.

11 de maio de 2016


Uma referência fílmica - um pouco atrasada - a propósito da morte do artista

- I just like the sound of it

11 de fevereiro de 2016


Partes

Da inquieta ablução toneladas de metal retorcido e a suscitação do cabelo em desordem, a um movimento de partida a multidão, entretecida das memórias – produzidas – da processão dos objetos sucedidos, por cada passagem dos dedos erigidos fica, aquela forma, como que ao outro lado ornamental da exclamação e numa mesma voz uma destas noites que chega - luminosa razão de origem – em múltiplos, mutilados corpos intuídos, de cortinas inquietantes, e escadarias intransponíveis.

27 de janeiro de 2016


Sombra

Por delicadeza nasceu entre os juncos sugerida,
falta verbal aqui no entanto em transmissão,
por símbolos do olhar sepulcral extremamente contigo,
digamos assim, as paredes do que parece aveludado,

e aquilo das palavras – isoladas - que depende
em contraluz suposta, todo o seu encanto, as mais
complexas hesitações, são crisálidas como dizias
por desventura, madeixas em trezentas mil situações,

o que é preferível, bem entendido
o silêncio da natureza impossível.

25 de janeiro de 2016


Repouso

Como gramática elementar dos cidadãos doravante as éticas da expedição e os escombros levemente expeditos, a circunstância da tinta, espalhada sobre o olhar artístico.

Tiras de um papel muito apertado o lugar da dissertação criteriosa cor num suporte de excelência azul ainda, que de todas as cores possíveis, logo.

Que a madeira, por displicente entrada ao fim da tarde em modorra, e nas frontarias de uma qualquer região fica, adormecida da suavemente brisa, bem devagar, em repouso imerecido.

23 de janeiro de 2016


Cálida brisa.

Jogral forja da imaginação tal ideia chama o subterfúgio, alma dessa condição nunca houvera, a matéria das memórias iniciais.

No centro da melodia eterna e providencial os gestos da suavidade e o singelo da flor que jorra esquecida por entre o trigo o centeio e a cevada e ali empresta um brilho de frescura que espontaneamente acaba por sagrar-se à cercania e aos terrenos limítrofes, a suave inclinação dos outeiros pela manhã.

Uma brisa açoita as ramadas jovens, e também por isso, os sinos a replicar à tardinha - corações suspensos - os enclaves de sol e sementeira, a tempo da celebração nos corpos fazem, estival uns, outros, nos braços que tudo solenizam.

22 de janeiro de 2016


Seca.

A pele atrasa em ritual de boca o silêncio da progenitura. O calor, fica em processos de alucinação, distante. Defronte a uma palavra perdida vê como vagamente a sombra seduz num pulsar próximo, acaba, quando os corpos sangram siderados, preenchidos. A noite é vigília de um movimento apenas, tragédia de veste invisível, significação do sangue, um simples rumor cru da pele extinta, ressequida.

21 de janeiro de 2016


Duas linhas

O instante, só por si, não faz a vista desarmada,
como nos campos desapiedados sais da condição sobretudo, mesmo resto.

19 de janeiro de 2016


O esquecimento dos anciãos.

Os homens na labuta, cada dia. As mulheres, belas incansáveis, partilham sofrimento defronte ao sorriso das crianças, cada entardecer à volta do fogo. Sombras e florestas, risos, a noite dentro aos corpos estarrecidos, refeitos mesmo assim, como se rendiam tranquilos nas almas apaziguadas.

Já tarde era o indício reparador e o gesto dessa maneira até que nada fique da inominável barbárie. Na memória dos homens perdura o esplendor azul. É estranho o hábito da substância absurda e como ousa, nos gestos fustigados da condição latente, os pedaços de uma condição silenciosa.

Num repente acordado à espécie da agonia cada instante, todos no território do olhar tão perto, a permanência pesada, as normas da implicação, os artefactos consigo e a memória dos corpos em silêncio.

16 de janeiro de 2016

O tempo e o ritmo.

Foi pelo tempo em que cai temporais na planície depois da longa visão do festim queimada - sabores amargos em comoção indescritível - que por sílabas de morte tardaria o seu principio ocasião dos poentes esbatidos.

Como gravura ainda não verdadeiramente à conquista do sujeito serão, dias de festa e rotina, os cenários da criação encarada no seu modo natural, reprodutor disse, e em face dessa primeira demonstração que gesticula a pertença como se tocariam autenticamente a terra áspera e o pé flamejante com toda a assistência reduzida a um estado de neblina.

A esta distância - registo do qual não houvera memória - do primeiro esplendor nas casas janelas e cabeças não há memória tal nos caracteres da passagem de época, são doze as profundezas da vegetação, e a gordura incendiada corre os recessos da humanidade até um momento seu semelhante correr da figura diga-se, pois, que desde aqueles tempos tudo não passa do mais que o destino ditaria e é verdade, sabemos da exaltação e do próximo instante, por detrás de um olhar contigo, (isto é o que se dizia), quando os campos se acendem de abelhas e cores variadas e o céu permanecia os olhares todos um só feito e derramados na terra sequiosa, como os corpos fisicamente entoam versos, cânticos, magnólias.

12 de janeiro de 2016


Branco, corpo, espelho, roda, limite.

Nada é mais verde que a companhia ... e o que percorre.

2 de janeiro de 2016

Relíquia, corcéis, elipse e caldeus.

A terra em ameno convívio à primeira vista. Seu corpo, forma de mel, por caudais acima, traz a matéria de que é feita a rua e as ruas, os pretéritos de falas encadeadas. E presumivelmente fica-te, cada vez mais, como fora a imagem de uma pedra justa aquele movimento de alma que faz do mesmo um tempo em presença. Como a vida aqui suspende-se a noite em tentação de chegar a palavra, para além de toda a luz habitaríamos a imagem do olhar completo, o regresso aos vagarosos lugares vivos, cores de cada um.

31 de dezembro de 2015


Palavra Figura.

Dedos de azul cinza acesa cor.
Estruturas de luz.

Efeitos cruzados
E linhas de terra
Rasgadas
Massas de cor
Sobreposta
Luz em verticais
Da chama
Uma atenção
Plena de tudo
A posição vazia.

Das margens derramadas superfícies futuras.

29 de dezembro de 2015

Perfil

Gosto do imenso da natureza e dos cheiros de Outono
Os corpos deixados na brisa que desola
Um maduro acabado que a pele adormece em terra velha
E as folhas espalhadas
Caídas como que de um peito leve, indiferente.

Gosto da manifestação da verdura e da tinta almiscarada,
Intensa marcação dos que sobrevivem
Num gesto lento, sorrido em delicado embaraço,
O desconcertado movimento da vigília, o género.

25 de dezembro de 2015


Atum , mestre dos sarcófagos, luminar dos oceanos,
da facécia estarrecida em legião funda a crispação
da prata em vigília, a doce visão da magnólia,
molecular, como diz, há sempre
uma justificação que em tudo suave, sim, suave.

A saber, a lágrima e a palavra passageira,
a enfim contracção adenda de um qualquer
estarrecido alimentar
das condições aprumo, o verso em bamboleio, isto,
claro, mas apenas a título de exemplo.

O ponto aqui é de quem sabe e de quem si,
de quem espanta, de quem quer que sim,
de quem se centra aos arrabaldes da elevação simples,
por meio do utensílio bonito,
e numa uniformidade, o que diz porventura.

Claro que tudo isto é claro, e é muito, e ainda
mais na condição de que seja, por principio,
pois tudo é alimento e concertação,
e o quer seja em nome das admiráveis moléculas,
e como de tudo isso, mas em silêncio, claro.

22 de dezembro de 2015


Mote silábico.

O Outono em restos de festa sobe ao lugar das retinas
Como cor que se tem ao fim de um mesmo em palavra vazia
Ou os sinais da mágica dissertação.

O inverno chega numa imagem de espanto
E luz aos corpos sossegados
Como sinais do repente ao cume das arestas entrevistas.

18 de dezembro de 2015


Espécie de alar a manhã
Que em cada qual circula assim que chegar
Num parecer de caligrafia firme
E dedicada, é toda uma acepção da utilidade.

Os cantos são luxuriantes.
Os castelos, maneiras de concatenar.

(O de cima, o de baixo).

E pese embora o murmúrio
Da cor em catadupa aos areais
É da fruta que se diz o acto
Surpreendido em falas de valsa e calor.

São fogos de um sentimento colorido.
O alimento da íntima velocidade, a madeira.

12 de dezembro de 2015

Leituras.

Com Piaget ‘aprendi’ a manter as coisas em perspectiva, ancoradas, em perspectiva. Já com Lacan aprendi a disposição do objecto em campo e o campo. É como em tudo suponho, compreendemos, reflectimos, podemos até dissertar e chega um dia, mais tarde, ligamos numa ocasião, outra circunstância, e exclamamo-nos, bolas, caramba, então afinal é disto que ele estava a falar. Isto, que com ccerteza já nos sucedeu a todos suponho é, no fundo, uma vivência.

9 de dezembro de 2015


Olha, o olhar fechado, desimpedido.

Reflexos de (uma) luz amarela enquanto passa
Enquanto passa a adjectivada substância
Do nome em cometas enigmáticos
E linhas de luz suspensa uma impressão
De frio aos plantados poentes sequer da palavra
Lava escorreita o fogo edificações sim, porque não.

7 de dezembro de 2015


Numa Pergunta.

Como semelhante exaltação do destino
Quem no seu fogo perfeito iria ao absurdo
Em barragem noctívaga.

4 de dezembro de 2015


Não posição.

A memória de uma mesma sombra
Que falta não, o olhar e o que passa
Junto às teias da imagem
E o que não, verdadeiramente, vazio.

2 de dezembro de 2015


O linho,

flor
no coração
da rama
meio
de fronte
azul

inominada

forma.

30 de novembro de 2015


O atraso na voz
Como plasticidade em passagem
Lenta, causa
Da separação das águas.

Sinais de fumo. Sucessivas. Noites de fundo.

24 de junho de 2015


Nota que decidi falar e és uma maçã,
e que é o cheiro a maçã que me traz,
e que é este sabor a maçã que me chega,
e que é imerso neste calor de maçã - que, trago
o dia, agora - um manjar de maçã me chama
luz, nossa, a pele em maçã que fica.

21 de junho de 2015


Uma mulher está parada a olhar
O homem pesado passeia o jornal
Falam-se os belos tempos de outrora
E uma criança abraça o seu cão

A jovem bonita descobre o perfil num gesto feminino
E marca o semblante de uma escrita invisível.

16 de junho de 2015

.


Órgão.

Outro imagens
Em cratera reunido
Os ossos acerta
Ao latejar de Atena.

Deixa o occipital rasto
Em pó de estrelas
Que cresce na pele
Em matéria de terminações
Setas tornado inversos
Clarões de fumo
Inquietam no vazio
As ondas em cortejo nocturno
Abertas azuladas
Da luz que dispara cometas
Junto e faz o silêncio
Nos ossos assim sossegados.

15 de junho de 2015

..



O trabalho do parecer
corpo singular
outro
faz a quantidade
expressa
em clarões sincopados
- estampas alheias -
que abertos por instantes
soltam verticais de sentido.

13 de junho de 2015

.


barca vigo esfera
o cantão babel
que ouviu no eléctrico
- como vai fruto tão desejável -
q'eis o porto
em ondulação dessa vez.

10 de junho de 2015

.


Sapato riso
Os botões devagar
Rosa
E lábios de encosta
Numa garrafa de plástico
Ameno

(contratempo)

Lançado
A baixo
Em casual
Rubor Sugerido

(apenas)

Pão e café

(na)

Mesa das palavras
Momentâneas
Montras

Dos arbustos que passeiam,
Sinais na tarde que dorme.

7 de junho de 2015


A postura não fácil do braço pendular
Em lento passeio da notícia
Faz a dissertação dos rins
Num gesto figurativo da camisa opaca.

4 de junho de 2015


Uma superfície
de luz
povoada
ressalta
em claridade
e jogos de sombra
escadas
de tom
crescente
decrescente
devolvido
reunido
ao inamovível
ínfimo
lateral
opaco
como janela
de um
som azul
e vento
chegado em paz
ao pensar.

1 de junho de 2015


O irradiar da ausência
(universal essência do verdadeiro aspecto),
não se confunde,
parece,
ao movimento em sintonia da presença risível.

Colateral à direcção
da coisa,
qual própria coisa,
chega
ao pensar
posto inacessível
substância
(fugaz)
que move
o sentido na palavra
chegada
dos emblemas e costumes,
num oblíquo
porquê e o quê
notado
à verborreia das miragens
em incrível
fundamentação
ideal, que é,
a noção mais
ou
menos credível
da instituição da crença,
e toda a verdade,
e não mais
que a verdade possível.

29 de maio de 2015


A imagem
posta
por alicerce
do véu,
exclama
o auge da
festa,
por morte
em directo
ao céu,

(mas deixemos isso),

o que conta
não é contado
ao nascer,
e o mesmo
do mesmo,
não é,
ponto
de partida
da coisa
implantada
em manifesto
nada.

27 de maio de 2015


O ateado indicio,
de vestido mosaico,
jorra (esquecido),
os arabescos
do (primeiro) dia.

O tambor, a dor, o iniciar da cor.

E o que é sentido das fendas,
( por norma de um território particular),
faz a diferença
tecida
na origem do canto
ao entardecer,
defronte aos muros de Antioquia,
(soterrada).

O que é por máxima tirado,
para fora do seu contexto,
por tantas vezes repetido,
até por sabedoria passa.

26 de maio de 2015


As palavras em segunda mão são outras tantas indicações da origem, vestem, alimentam o vazio enquanto passa, e é entretanto que se vai morrendo, só para dizer que chega.