12 de setembro de 2010

Toda a vida.
E ao chegar o vazio.
As posições da imagem.
Completamente.
O olhar.
Nas vias da impiedade.
Diz que nunca será.
Mais e mais.
Um tardar.
No arremesso das vozes em confronto.
E a recordação.
Das palavras ridículas.
Que mais nesta terra dos refúgios queimados.

A entrega. O valor. Novamente.

Livrai-nos do mal que castiga os corpos às avessas.
Muito cedo. Afinal mais vasto que o deserto dos passos em silêncio.
No peito esta terra árida. Canta como a saudade funda a dor dos teus inexistentes braços. E as outras vidas desta terra morta, mortal.
.
E tu.
Última visão.
Primeira.
Mais que tudo.
Os olhos em silêncio.
Marca simples da posição.
E a saudade.
Esse enorme cansaço.

Antes de partir correra mais (n)o encalço
e mais, como é frio, como regressa,
como derrota-se em solitário impulso
a madrugada que penso uma vez,
um instante, a presença, os olhos fundo.

10 de setembro de 2010

O cair. O labirinto.
O sistema da impossibilidade.
O frio.
Os mecanismos das vozes silenciosas.
O deixar preâmbulo da qualquer decisão.

Os corpos ausentes.
A espera em acto e a experimentação do impossível.
O ciclo. A via dolorosa. O apreender.
A busca (dentro) e o circuito do impossível.

A palavra em silêncio.
A noção da troca e do amor.
A inexistência.
A saudade e a inexistência.

O reconhecimento das palavras e dos corpos.
A entrega ou o seu contrário e a rotação do ciclo ao impossível.
Outra vez os corpos em silêncio.
E o vislumbrar da luz.
No ciclo.
Da vida como percurso dum frio a quente.
Ou vice-versa.

E a cultura distributiva da troca e o amor.
E os corpos desnudados à entrada no silêncio.
E a dor. E a melancolia dos corpos atirados.
E a satisfação da luz. E a insatisfação da luz.
E os corpos. A impossível distância dos corpos.

O contacto e a distributiva palavra do conforto.
A face e o desconforto das visões e os corpos chegados.
Ao calor das palavras e ao som da promessa.
Em tentação das palavras e (a troca) o silêncio.

O despertar do movimento
e da palavra
e a dança dos corpos impossíveis.

A espera.

O sincopar e a instalação da distância.
A possibilidade e a impossibilidade.
A tensão e o maquinal movimento do ciclo.

O corte.
E um regresso à luz. Um mesmo.
Na destacada posição do desencanto.
Em qualquer coisa afim.
A todas as recorrências da imagem.

A repetição. Sem qualquer. Ou muitas vezes.

Apenas um olhar fica enquanto o sol queima como que chegado a um cruzamento mundano. Qualquer coisa de alimentício que comporta numa arrumação sintética as palavras em que como que destomado o rumo das vez em conta sobriamente vai liquidado nas convenções do arroz, satisfeito de si, ou numa imagem corroída dos sorrisos, como nada, como nada.



Fatalmente atroz o sangue em colapso a imagem já gasta no atrito das palavras insentidas.

Sol novamente.
Em trabalho da calcinação.
E um outro sentido das nuvens.
No (meio do) céu azul.
E aos ribeiros em murmúrio.

Fresco, bucólico.

Como as outras palavras que tiram-se em defronte ao vazio nas reuniões duma qualquer comenda do convénio. As gildas em flor encrustadas ao caminho do asfalto cru nos rastos queimados do infalível vazio.

Os desapiedados corações.
As linhas. Vidas e os conjuntos.
Os corpos saturados na pele.
Os cães da matéria.
Os acabados atritos do vento.
A solidificação dos enxames.

E à noite, quando sobe o por detrás do silêncio e fica a matéria (fresca) por momentos revela essa face (tua sem ser) de uma nupcialidade negra.

Laje. Carrega.
Dentro. A quantidade.

E as quantidades são que ficam no rosto e nos corpos como a manutenção da pele em peso enfim.

Venha o frio.
Que cale o sol tão quente.
Cadáver (da recoberta imagem).

Já sem si.

Liberta.

Esvanecida ao som desse silêncio.
Por detrás da noite.
Em queda.
Num salto.
Ou uma permanência simples.
Assim.
Como na consistente ligação esperada e fundado em cor da noite.
A essa hora do beijo que sobe em silêncio.
Na dor.
Doutro dia horizonte.
A inatingível dança do mito.
No prolongar inútil das visões sombras do mundo enfático.

A reunião.
O superficial.
As questões culturais da posição.
A ausência.

4 de setembro de 2010

Rios do abandono.
Os raios de sol.
A sucessão dos rostos.
As palavras.
A calcinação pelo sol.
O igual efeito que assim paira.
As estradas.
Outra vez um rosto.
A voz quente.
O pisar das distâncias.
(A experiência do fogo).
O corrido em vias mais que dilaceradas.
De novo o abandono.

E a noção do esquecimento reinava nas vidas como a conclusão do abandono numa utilidade das palavras e em recusa da visceral posição dos afectos fortes, como qualquer coisa, ou alguém, ou o instalar do quê que vem num manancial adentro e utiliza todos os costumes, assim, como que colocando-se junto nas manhãs da necessidade, mundano.

E num instante é o sol.
(Tu, por momentos.).
Descortinas desse fundo que reina.
Como um esquecimento.
Ao tal fugaz sol da manhã.
Nas tardes frescas.
Na conclusão do amor.

Sem que tome-se. Sem que assista. Como essa voz num eco da distância sombra tão perto em turbilhão da diferença. E a saudade do mar azul, do sal.

2 de setembro de 2010

Rastos e sons. Artefactos. O cansaço. Outra vez pátria.
Fria. O mais terrível dos exílios. A inexistência.
Solos da madeira. E junto a um homem de novo o peso.
A importância. Como a sombra que chega.
No canto. O terrível dos olhares.
Por detrás do muito das manifestações.
Em matéria ao avesso. Em mais tarde a luz baixa e triste.
Ao som da maquinaria. No árido da terra sangrenta.
Onde como que solta-se a manhã pisada ao asfalto veloz.
Na imagem surdina de uma hora remota.
Que faz os soltos cultos. Cadáver dessa terra.
E nunca termina o espaço dos rostos.
Que não chegam nessa manhã. Violenta.
Rasgada em sol. E mais atento (que) o pormenor.
Da vida que segue em momentos que suspendem.
E vai-se a ficar. A um caminho direito.

No silêncio. À sombra da tarde cai.
A roda como a dor em cada.
Que sobe e manifesta a inglória terrível, grave.
Onde pára o tempo – solene - nas partes que deslizam.

Os outros tempos não chegam.
A um fulgor do cuidado cinzento.
E a vida em recorrer do pudor e da violência.
Vem como o céu azul em sol. Árido.
Por detrás dos rostos sem amor.
Nessa maleita da imagem, do valor.

Por vezes chega um pôr quente que fica a cruzar os olhares no asfalto.
O pó das bermas veloz da canção e da dança em aterro das dignidades.
O sorriso, como as máscaras em festa de holocausto.

Frio o sangue vai.
Começa em curva ausente.
Em céu deixa-se, frio.
Como o vento imóvel.
Fundado em som.
Nas imagens caídas.

22 de abril de 2010

Cruzara no ventre,
em sinal de atenção,
a palavra impressa,
que tarda em segurar
se na face
como fora o levantar
do véu num instante
apenas, que tomasse,
o peito em excesso,
à beira do desfalecer,

e a maior violência,
é imposição do silêncio,
ao olhar do que vê,
(qual dupla cicatriz no peito),
a palavra que vai tecendo,
os perdidos gestos,
na escolha além do silêncio.

(e é por isso que não pode ser mais que um instante, este olhar, depois esqueçamos,
continuemos)

21 de abril de 2010

Faca e dentes,
um relógio de atenção,
os bandos da saliva
em desagrado
e a morte
em corte ao pormenor
que carrega no olhar
as direcções da curvatura
por pose (digna)
que estabeleça o acordo
em ó de quem
de direito
(em nome familiar),
assiste
aos ânimos do vazio
na promessa
do activo
e dos restos de efeito
em apoteose
da salivar partilha.
Hoje estava cinzento
e já não lembro o sol
que esconde-se nestes dias
em que faz-se a terra vista
no fundo que liga em voz
os dísticos da terra antiga
por clamor do tempo fundo
e suspenso como as palavras
ditas, espoliadas chuvas,
em quais campos levantara
a voz que sucede dos fundos
fios e sulcos da terra amarela.

O olhar em baixo,
em apelo da sementeira,
na terra espoliada
dos fios do sangue fundo.
Passam vultos sem direcção ao fim do dia silencioso.

Desponta o sol,
o copo num gesto,
passados corpos,
torneados ao caminho.

Avanço nesta chegada e cai-me o sonho, passa-me a impressão dos dias corridos.

Faz quente agora,
(corresponde),
levanto o copo,
em gesto de saudação,
e num transporte,
(bate agora o sol de frente),
cerra-se o olhar em semblante
que a vida carrega, afinal.

Mas basta disso. Passam como vultos. Coligidos (ou seja lá o que for) das sombras chegadas numa manifestação arcaica. Lembrava-me, enquanto languescia o copo em convexas atenções da mais aterrada e conveniente insolação das voltas que passam, (desaterradas talvez), quais foram as facécias do que manifesta-se em nada e cruza atreitos ao caminho dourado, como fora a calefacção dos mistérios do dia, ou à maneira dos requintes disso.

Manifestam-se outros anos,
olvidam-se os outros paladares,
e sustenta a razão que passa,
por entre os vultos que chegam.

20 de abril de 2010

Visceralmente irreconhecível o rito suspende e penetra as ideias no vazio. Progride em centrifugação e atira (qual sombra isolada) o que persiste em amálgamas desligadas voltas num (livre) trabalho de esquecimento, numa expulsão do “peso do mundo”.

Observa ;
faltam as palavras,
no correr aberto,
do mar assim,
em peso vazio,
da roda em abertura,
(música, palavra),
que vê o que não pode,
e pensa o que não quer,
no longo percurso,
que tem de sair,
por violência sonora,
indiferente,
e espalhado em desafio,
ao apreender a soma,
das palavras libertas,
no fazer acto,
e consequente sentir,
dos investidos espaços,
ao fazer silêncio,
do cair da luz,
no tomar das entranhas.

Um esquecimento frio.
O olhar aberto.
Nos rostos vazios.
Das linhas transversais.