16 de junho de 2008

repete :
corte faz grito.

fulgo ante si p(r)a
revir o entre tecer,

desfazer
que dá-se
e não

foi
num alcance

o poder
fazer

trato
ºk
por fim

abre ;

passa os passares do grito
que traz (n) vão incólume

e fica tido
t®ifo
no esquisso do falar.

12 de junho de 2008

A Artaud - Variações a propósito de um tema (de lewis carrol)

Não se trata aqui de uma tradução mas sim de uma adaptação - variação a propósito do tema - de um poema donde o meu pensamento se regulou para se juntar ao autor em espírito e assim se viu, a si mesmo e por si mesmo, não propriamente no seio deste poema mas no da poesia.

Lewis Carrol viu o seu eu como num espelho mas não chegou na realidade a crer neste eu , e quis, então, viajar no espelho afim de destruir o espectro do eu além de si mesmo, antes de o destruir no seu próprio corpo, pois era ao mesmo tempo em si mesmo que expurgava o duplo deste eu.

Há neste poema um estado determinativo dos estados - por onde passa a palavra – que é matéria antes de florir no pensamento e operações de alquimia salivar, se assim o podemos dizer, e que todo o poeta, do fundo da sua garganta faz subir à palavra - (música, frase, variação do tempo interior) - antes de regurgitar matéria para o leitor.

Prova-o esta estranha comparação marcada perante um trecho de caça grossa epicurista que, para melhor apurar o seu paladar, retém um bocado por seis que degusta, e o poeta, (sonhando um ar melódico supremo), afim de aumentar a degustação interna lança se assim sobre os seus limites.

Este poema onde uma frase musical tipo parece diluir-se golpe a golpe em fumos é o poema de um insensato que um dia entrou no ser e acabou por abandoná-lo, é o esforço de todos os insensatos em ser e em se deter a uma realidade ela mesma fugidia e condenada e à qual não se detém senão em função da sua própria perversidade.

Degustamos minuciosamente o pensamento e a linguagem mas durante este tempo a nossa alma foge-nos e ela era esta realidade, ela mesma, perante a qual nos julgámos marcados. E o nosso eu celeste, o anjo de cabelo ruço de Carrol, lutava sobre a terra com seu espectro traiçoeiramente mutificado em demónio.

Pois Lewis Carrol é na realidade um espírito de cólera da reivindicação e do furor. Uma espécie de emissor nascido da percepção e da linguagem e se isto não se pode crer ao lê-lo é porque ninguém teve jamais a ideia de espreitar com ele por trás do espelho interno onde o seu espírito, contraído e em sofrimento, não se pôde impedir de passar.

O epicurista que Lewis Carrol acusa deste pecado de perversidade consigo mesmo é ele mesmo, e o movimento irado a que toda a sua obra apela é contra o eu e as condições ordinárias do eu, ou seja, à noção temporal do nosso eu.

Fatigado e em sofrimento por qual pecado passou a vida a executar variações sobre este tema, mas, ler a obra de um poeta, é, antes de tudo, ler de viés. Pois toda a obra escrita é um espelho onde o texto escrito se funda perante o não escrito.

E o não escrito de Lewis Carrol é uma profunda, sábia, vertiginosa insatisfação.

As coisas, Lewis Carrol, não são de facto tudo o que são. E podemos sonhar sobre este tema e executar variações que sempre a ideia do eu perverso nos retorna como uma desafiadora regurgitação, quando encontraremos nós, enfim, este não eu onde nos vimos tais que nós mesmos, enfim, e puros, quer dizer, virgens, no fundo do espelho eterno.

O ar sonhado toda a vida por Lewis Carrol é o do seu eu melódico supremo, palavra certa do serafim soterrado por trás dos fantasmas assustadores das coisas e que um dia nos regressará,... mas quando ? Através de quais músicas, de que ar, num mundo que não têm mais o eixo de um ar eterno a dizer se, nem uma música imaterial e sobrenatural a repetir se.

*

Não amo a gazela rara
e não gosto de comer os pratos caros
pois os altos preços aproveitam
aos especuladores dos pobres lábios
e não quero ao fazer isto
mutar-me em açambarcador.

Pois vejo vir a mim com olho embolsado e negro
o meu filho à hora da saída da escola,
que tendo se batido contra quem e quê,
e não sabendo bem dizer porquê,
tenho a impressão de me ver
em batalha perante o meu espelho
contra o meu próprio desespero.

Mas quando vêm para melhor me conhecer
lançar-me-á fora o irritável senhor,
e,
assim que me ponho a tingir o cabelo
é que SUA GRAÇA intratável nota mudança
e a espécie admira.

E ela me ama enfim, estava seguro de que a minha tinta
de azul aviltado ou verde lodaçento
deixaria espesso traço visível a metade sobre os meus olhos
de um potente ruivo que me distingue melhor.

Antonin Artaud - Variations à propos d’un théme (d’aprés Lewis Carrol) ; 1943.

9 de junho de 2008

Olhos negros.

Tu, és a profundidade de todos os cumes.

F.Nietzsche.



Obscuro norte desce em torrente s que toma da matéria
a condição, gélida, total e indivisa
que insinua a escura face em momento que estranha-se,
alinha e é quando assinala o sitio
originário, à afecção do marcar,
irromper da presença junta
como eterna tirania que fica no aconchego da elevação.

Local que foge
e permanece em presença móvel do estupor,
que toma o afecto em paradoxo
e o agarrar do movimento que é a ela,
aos olhos
que suspeita-se a toda possibilidade
de ser,
de estar
e estaca-se perante o que busca,
que nota o espanto,
o tão grande apelo, excuso
difuso do corpo magno,
inquieto
na carne que devassa se em pergunta
pelos olhos
da inquietação, que transcende se desse sentido
e por vezes julga o sentir,
como esclarecimento na luz,
negra,
que surge,
como se do coração tratara.

Pusesse ao sabor o sentimento indizível
que furta se a deixar o que acirra,
em marcação da carne,
carne aposta a carne
que faz se espanto,
onde não há cintilação,
cume que marque em desejo
a silenciosa presença que agarra
do fundo,
profuso umbilical cordão negro
suspeitado.

Imenso sentido que deixa estar da insinuação invisivel,
contempla angústia que move
e dos profundos olhos irrompe num instante
que se tem, fora de qualquer espaço,
invade os campos aos olhos que questionam,
sua inatingível face
que engana, precipita
em furtivo permanecer que excede de dentro do olhar,
busca os seus olhos
que tudo precedem em atavio inquieto,
negro
gelo que conforta,
dilacera o olhar marcado,
híbrido,
move o que olha ao abismo,
fende e deixa condição
de dor,
urgência.

Inevitável escolha que funda se
do desvelo nocturno, cobre em verdade
e fere o sol do desejo no caminho
que surge ao dia dos regatos festivos,
como estrela da manhã que substitui se em acção,
doce
ao sabor furtivo dos olhos negros.

Como imagem acertada do desejo
na arte dos cumes cintilados,
dão se o fazer de ilusão
por tépida languidez do que é determinado,
como mesmo, que faz se artifício da luz
e desponta nas manhãs
que dão se ao acto,
da cidade, o prazer híbrido,
húmido
êxtase fugaz
por civilidade que deixa memória
nos olhos cheios, da ausência que fica.

O sentido de tudo isto que passa
faz se ao olhar que não têm certeza,
frenesim que não deixa
descanso a antes dos olhos.

Ilude no mesmo em desacerto que revela
e deixa na manhã,
nervo que transforma em sentido agitado
o regresso aos olhos do absurdo, que é fora
do alcance e força o revelar,
no atirar da manhã
que reflecte a verdade aos olhos que passam
além do olhar negro, impregnado,
que toma todo corpo
e toda a carne fora do espaço posto
por ti, ao surgir que faz se alinhado
no olhar que já não vê,
que apreende o misto da surpresa,
estranho teu olhar ausente,
que dá termos, ao olhar e já não olha ao instante
e deixa no passar, do olhar que toma
a informar a forma fugaz,
externa,
ampla,

Como mesma imagem que preenche
e fita o esclarecer paralelo,
passa de um movimento
que cala fundo na cor do favor,
dos olhos que internam
e já não são olhar,
a ti.

Este frio que revela
inatingível o faz, não olhar
agora que divides te, e cobre,
deixa se em preencher corte que liga
e desliza dos olhos insinuados,
que trazem olhar feito, às vias inversas
e o gelo na ausência dos olhos,
que revela, em ser e é isto que passa
e não és, o que jorra extenso, ilusão
ao abrir à imagem que são olhos,
e dá se, da ausência que toma,
que é, não isto ou aquilo antes tu.

4 de junho de 2008

Estar.

Intende
o custo
cego
esgota
(n) mover
e marca,
tira,
caótico
prevalece
e é bem
ritual
da coisa
e
digo
como
o saber
o que
é
este,
e que
isso
sabe-se
ao iniciar
a distância
que não

faz-se
rodar
faz se
a rodar,
o que é
algo
que
vai
sabendo
se
e não
o que faz
se,
ali,
por ali
cair -
ou
atingir
e diz
sinais
que
não
importa
continuar
até
que
surja
o
que
toma
daí,
e

pode
dizer-se
início,
fim,
enfim,
e faz se
o
que pode ser
assim,
que faz
se
e
não diz
se
chegar
a lado
algum
e ma(i)s
o continuar
se
ou não,
o que
é possível,
e é isto
que
é como
custo
do fazer

o continuar
que dispõe-se
de contrário

que é
ficar
das imagens,

as imagens
de estar
ou
com
palavras
de estar,
o que
põe-se
pensamento
de estar,
não
estar,
que liga
e faz
roda
estar
à pergunta
para si
que
responde
se
ou não,
para si,
no silêncio,
que contrai,
o forçar
continuar
a roda
ao esquecer
o custo
do rodar
sacrifício
que
faz
se
consciente
no ritual,
e
que isto
digo,
dizia,
sim,
não
o pensar
efeito
mas
forçar
o aparecer
efeito
diz
e
está
como
conhecer
ou
saber
ser
e sabe
que
ouve
se
sempre
alucina
da
sobre
presa
selvagem,
solo
que é
esta
intenção
que

assim
inicia
o fazer
(se)
o
sentido,
que
diz
aqui
que
se
busca
(n)o
continuar
ao
aparecer
e nada
aparece
e
isso
é
cor
que
têm
ou
então
explode
nada
e talvez
seja
isso
(como)
local
continuar,
que fere
e desfila
dos olhos
o movimento
rápido,
tenso
da intenção
de dizer,
que
não é
dizer
antes
mover
que
quer
quase
e aparece
por vezes,
o deslocar
em superfície
abordada,
a fazer
curto
silêncio
no caos
que é
este
que
tomo
o quase
fim
que deixa
por fim,
no
estar
resolve®
que força
nada
que
traz
silêncio
ao reunir
do caos
representado
da revelia
soberba,
que é
boa
palavra
soberba,
e
já se dizia
ou diria
alguém,
que fico
aqui
ali,
não
tenho
perder
disse,
sente
e que sente
o que
atira,
ali,
não
mais
que diz
e rebenta
faz,
agora,
refere
a tensão
disso
tudo
e
do
que é
e
devia
ser.

e a atenção disso tudo.

o que deve ser suposto,
ou sobreposto
e diz se assim.
... conto o assim.

2 de junho de 2008

A múmia entranhada.

(Artaud.)

Totem à porta, olho morto
regressado neste cadáver,
este cadáver esfolado que lava
o horrível silêncio do teu corpo.

O ouro que sobe, o veemente
silêncio deitado sobre o teu corpo,
a árvore que carregas ainda,
e este morto que marcha em frente.

Vê como rodopiam os fusos
nas fibras do coração escarlate
e este grande coração onde o céu eclode
enquanto o ouro te imerge os ossos -

É duro campo de fundo o panorama
que se revela enquanto marchas
e a eternidade ultrapassa-te
pois não podes perder o ponto.


Invocação à múmia


Estas narinas de pele e osso
por onde começam as trevas
do absoluto, a pintura dos lábios
que cerras como uma cortina.

E este ouro que te brilha em sonho
e a vida que te despoja dos ossos,
e as flores deste olhar falso
junto por onde regressas à luz

Múmia, e estas mãos de fuso
para te revolver as entranhas,
estas mãos onde a sombra lamentável
toma a figura de um pássaro.

Tudo isto de onde se orna a morte
em estupor dum rito aleatório,
este borbulhar de sombras, e o ouro
onde nadam as tuas entranhas negras.

É por aí que te torno,
pela estrada calcinada das veias,
e o teu ouro é como a minha pena
e o pior é o mais sob testemunho.


Antonin Artaud - « La momie attachée et autre textes autour du Surrealisme ».

26 de maio de 2008

“ ... e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra ... desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro. “

Gn. 11;4;7.


Quanto a Babel tenho dúvidas. Quanto às interpretações usuais do episódio, quero dizer.
Lembro me de um dia ter lido, algures, uma referência que abordava o episódio de forma mais ou menos misteriosa, como se fora uma espécie de segredo bem guardado por algumas confrarias de sábios eruditos, ou que, seriam, estes sábios eruditos, pelo menos relutantes no tecer de qualquer tipo de comentário ou consideração em relação ao dito episódio.

A “explicação” do episódio, a sua significação diria, não se encontrará propriamente, suponho, nas conclusões racionais de queda, dispersão e confusão das línguas como consequência de um projecto quimérico de produção de linguagem objecto - muito embora estas conclusões não deixem de ser “verdadeiras” e legítimas - mas sim, como qualquer mito aliás, numa marcação “psicológica” caracterizada, neste caso, por um efeito que teria surgido no autor em circunstâncias nas quais se dedicaria a produções, progressões, ou projecções a partir da, ou na, linguagem. Este efeito, que suponho bem conhecido por quem quer que se dedique à criação de linguagens artificiais a partir da manipulação de nomes será, assim, ou uma estação fragmentada no percurso de acesso a esse objecto idealizado ou, então, o atingir do próprio objecto perseguido no dito processo.

Claro que este é um ponto de vista individual, limitado, e, portanto, “verdadeiro”.

As conclusões racionais que referi e que geralmente se tiram do episódio de Babel apontam, geralmente, para um momento de passagem, como um efeito ou consequência que teria transportado o Homem a um novo enquadramento, a uma nova organização, e Babel seria, neste sentido, o “símbolo” de um qualquer radical livre que teria gerado o primordial salto quântico religioso, ou cultural, que culminaria nos mitológicos impérios do bronze ; ou seja, a passagem de uma rede social assente no sangue e no parentesco, do tipo tribal, a uma outra do território económico, das suas relações de poder e do estado imperial..

Após Babel nada seria como antes.

Este salto, poderia pensá-lo como consequência do encher das condições estruturais do neolítico e consequente surgir do tédio neolítico, ou da possibilidade daí resultante. O pôr da possibilidade de mais nas longas noites do tédio neolítico reflectido.
.
E falam, estas interpretações que referi, talvez, da tentativa de construção da primeira linguagem artificial, talvez, a escrita, talvez, a astronomia, talvez, o conceito de tempo maquinal, talvez, até, a própria noção de indivíduo, talvez.

Do que se fala com toda a certeza, digo eu, é da “invenção” do trabalho organizado em função de um “nome”, de uma “obra”, de um imperador ou de um deus; de um “ideal” ou noção de infinito. Da civilização diria.

A partir desta “obra”, ou “forma”, a linguagem é já a do território económico e da organização social do estado, ou dos estados, mais propriamente, pois uma das mais usuais (interpretações) fala-nos da confusão que se seguiu à intervenção divina como de uma fragmentação desta linguagem criada em múltiplas outras linguagens técnicas, artificiais, resultantes da divisão do trabalho e da sua organização com vista à prossecução da “obra”. Um nascer das várias confrarias de artífices que teriam estado empenhados na obra, herméticas entre si, e cada uma delas apoiada na sua própria linguagem objecto.

E mais, do irromper de uma casta sacerdotal guardiã da linguagem do tempo maquinal, da burocracia. Como se a noção de infinito se tomasse aqui e se pusesse como ponto de vista da estrutura.

E este ponto de vista especular que surge, assinala, talvez, o próprio nascimento do Mito enquanto notação de um trajecto (psicografia), por um lado, e fundamento (cultural) da estrutura por outro. O Mito, que foi o trajecto percorrido desde a anterior organização social até esta nova é, agora, no acto de ser notado na linguagem, invertido no seu sentido que passa a ser a conservação da nova estrutura e dos privilégios linguísticos das suas emergentes castas. Esta nova organização toma-o - o Mito – nesta notação que lhe inverte o sentido e coloca-o como mecanismo de condicionamento e controle mental da matéria humana. A “cultura”.

Este mecanismo especular que têm, talvez, a sua origem e contrapartida mais remota nas fogueiras da deusa do neolítico vêm, aqui, ao tomar-se espelho, dar-se à luz do desejo, assumir a linguagem do “deve ser” civilizado – que virá a culminar, alguns milénios à frente na bem actual estrutura da má consciência - e a tornar-se, assim, o garante (oculto) maquinal de uma representação festiva que têm, como fundamento e objectivo, o conservar de um ilusão.

Ilusão esta que é a imagem do estado, da lei artificial.

Após tudo isto chego, finalmente, ao tema a que me propunha de início, e torno a perguntar-me : quanto a Babel ?

Parafraseando Bachelard diria que : a imagem é o sujeito, em nós, do verbo imaginar e que esta prestar se á aos exercícios de imaginação aos quais estaremos mais predispostos, ou seja, sobre os resquícios formais com maior capacidade de se perdurarem, ou intrometerem, na consciência e, assim, sofrerem a acção explosiva, ou desintegradora, do imaginário.

Como se a intrusão do verbo (imaginar) no campo exclusivo do nome (Babel) viesse a gerar o paradoxo, a queda e a confusão. Talvez daqui a renitência dos sábios eruditos em comentar a significação do episódio bíblico, ou seja ; não será sem custo que um desses eruditos se propõe atingir Babel e o minimizar desse efeito de desencadeamento, ou de confusão, passará, talvez, pelo anonimato em relação à passagem a Babel. O produto dali, bem, o produto dali será o culminar da linguagem conceptual, os sistemas, a ciência, as linguagens formais.

E talvez este culminar formal e consequente confusão se tenha antes à “sombra de Babel”, como fora, “este nome”, exemplo transfinito ou protótipo transfinito e, aqui, a confusão estaria não em Babel, mas, antes, no momento imediatamente anterior a Babel ou seja, no limbo de Babel. A confusão seria, aqui, como que preâmbulo de Babel : o “sítio” onde as linguagens seriam efectivamente confundidas - ou co fu (n) di da s - e onde apenas ficaria a própria “matéria” a impressionar e seria, neste caso, ao transpor este “limite” entre os “dois” estados - antes de Babel e Babel - que estaria a explosão do objecto em miríades de objectos.

A falar verdadeiramente será até outra coisa, “bem pior”, mas enfim, (n)aquele momento em que a “matéria” adquire a abertura total à impressão e porque ainda não atingiu Babel, e ainda é sujeita a impressões de resquícios formais que vogam nesse limbo, nesse momento é uma “matéria” ainda e completamente vulnerável.

“Pensava às vezes que estava prestes a falar, mas o silêncio continuou ... “ H.Bloom.

Bom, sem dúvida que Babel é uma imagem forte e o seu quase culminar formal em linguagem caótica, em fusão das linguagens num momento, em confusão – “confusão” esta, aliás, profusamente notada e “enquadrada” pela cabala askhenazi – é, por fim, dissolução desta e irromper, da “confusão”, em esclarecimento que é ausência de linguagem.

“ Depois de cavalgar três dias e três noites chegou ao lugar, mas decidiu que não era sítio onde pudesse chegar.”
H.Bloom.

E claro que aqui já não se “fala” da vulgar confusio.


“Os espíritos falam todos entre si uma linguagem sensual, não precisam de outra linguagem, porque a sua linguagem é a linguagem da natureza.”
J.Böhme.

Em verdade em verdade sorrio,
a plasticidade absoluta é ninguém.

23 de maio de 2008

Revolta contra a poesia.

Nunca escrevemos senão com sentido na incarnação da alma mas ela já estava feita, e por nós próprios, quando entrámos na poesia.

O poeta que escreve dirige-se ao verbo e o verbo às suas leis.
Está no inconsciente do poeta crer automaticamente nestas leis. Ele crê-se livre e não o é.

Há qualquer coisa à volta da sua cabeça, à volta das orelhas do seu pensamento. Algo germina na sua nuca onde ele já estava quando começou. Ele é o filho das suas obras, talvez, mas as suas obras não são dele pois o que era dele próprio na sua poesia não foi ele que o apresentou mas antes este inconsciente produtor da vida que o designou para seu poeta e que ele não havia designado, ele, que nunca foi regulado para ele.

Não quero ser o poeta do meu poeta, (deste eu que me quis escolher poeta), mas antes em rebelião contra o meu e o seu. E recordo-me da rebelião antiga contra as formas que vinham sobre mim.

É pela revolta contra o eu e o seja que me desembaracei de todas as maléficas incarnações do verbo que apenas foram para o homem um compromisso de cobardia e ilusão e não sei que fornicação abjecta entre a cobardia e a ilusão. Não quero um verbo vindo de não sei qual libido astral que foi toda consciente nas formações do meu desejo em mim.

Há nas formas do verbo humano não sei que operação de rapacidade, (qual auto devorar de rapacidade), onde o poeta, limitando-se ao objecto, se vê devorado por este objecto.
Um crime pesa sobre o verbo feito carne e o crime é o de o ter admitido. A libido é um pensamento de animais e são todos estes animais que um dia se emudeceram em homens.

O verbo produzido pelos homens é a ideia de um invertido esvanecido pelos reflexos animais das coisas, e que, pelo martírio do tempo e das coisas, esqueceu que o inventámos.
O invertido é aquele que come o seu eu e quer que o seu eu o alimente. Procura em si sua mãe e quer possui-la para ele. O crime primitivo do incesto é o inimigo da poesia e o assassino da sua imaculada poesia.

Não quero comer o meu poema mas quero dar o meu coração ao poema e o que quer que seja o meu coração ao poema, o meu coração é o que não é meu. Dar o seu ao seu poema é arriscar também ser violado por ele. E se sou virgem para o meu poema ele deve continuar virgem para mim.

Eu sou este poeta esquecido que se viu um dia cair na matéria e a matéria não me comerá, a mim.

Não quero estes reflexos envelhecidos consequência de um antigo incesto vindo de uma ignorância animal da lei virgem da vida. O eu e o seu são estados catastróficos do ser onde o vivente se deixa aprisionar pelas formas que percebe dele. Amar o seu eu (mim) é amar um morto e a lei da virgem é o infinito. O produtor inconsciente de nós próprios é aquele antigo copulador que se entregou às mais baixas magias e que extraiu uma magia da infâmia que consiste em misturar se a si próprio sobre si próprio, sem fim, até fazer sair um verbo do cadáver. A libido é a definição deste desejo de cadáver e o homem em queda é um criminoso invertido.

Eu sou este primitivo descontente do horror inexpiável das coisas. Não quero reproduzir-me nas coisas mas quero antes que as coisas se produzam por mim. Não quero uma ideia de mim no meu poema e não quero rever-me, a mim.

O meu coração é esta rosa eterna vinda da força mágica da inicial cruz. Aquele que se pôs na cruz nele mesmo e por ele mesmo não regressou, nunca, sobre ele mesmo. Nunca, pois este ele próprio pelo qual se sacrificou Ele próprio, também este ele o deu à vida após tê-lo forçado em si próprio a tornar-se ser de sua própria vida.

Apenas quero ser este poeta a nunca que se sacrificou na Cabala de si mesmo à concepção imaculada das coisas.

Antonin Artaud 1945

17 de maio de 2008

O romper dos vasos.


O vento cala
a morte
irrompe
tónica
belo
jardim terrestre
vazio
regresso
frio
lentas
proposições
notas
de colisões.

Basta !
Basta uma vez
assim
como
grave desvio do padrão
liquefacção
regresso
frio
impressão que não deixa,
como fundo que se põe
cais posto
preâmbulo
do que é ficar o silêncio
perto
junto
que suspende se
antecipa
revela
como pôr
que precipita
abalroa
inflige
infri(n)ge
revela de intenção
engano
belo
fugidio
lamento.

Isto
obviamente
é desintegração do objecto
momento após
pôr
do paradoxo
isso
há que olhá-lo
frente.
é
cintilação
aos olhos
que estranham-se
suspendem-se
o rito (s)
do segredo
que cinde
fende
que põe espelho
o funcionar
paradoxo
quase
como grito
que se põe
por
paradoxal
uso de intenção
do paradoxo
introduz
pela criação
do campo oculto
da linguagem
o contexto
um
contexto
e este grito importa
não
toma ®
aqui
cont®a
põe
porque se têm
múltiplo
que preenche
o campo
como
esclarecer
da significação
e não ter
campo

(nada de dialécticas)

antes
campo
fenda que abre o campo

speculum

à explosão
múltipla
cidade
que o põe
o campo
múltiplo
isto é dissolução do campo

do pathos

e isto é
actualização
do modo categórico
possibilidade de B.
mais
uma
vez
antes
preâmbulo
de B.
sua significação
à partida
seu pôr
de condição
talvez,
algo
como
praevisão
de B.
diferente
porque prévia
como adivinhar
e não ser
tomado
em B.
o talvez lá ficar
lá ficado
a B.

14 de maio de 2008

Memória da linguagem.

Uma noite que se tira e em que se buscam as palavras a uma corda que cimente a impressão, impressão cimentada, esta, que é tema aos olhos que cintilam, aleatórios, como (n)um excesso contraído que busca se e penso, o que faz se por sair, da linguagem, como alcance que não vê e apenas força se em alcançar de tema, que pensa-se, o acto da linguagem, o que quer dizer que força-se o atingir o interior do processo donde se faz – fazer - o acto da linguagem.

E porque não se pensa aqui talvez por isso seja que se diz se que não se têm aqui, na linguagem, que antes, exacta se e constata-se, marca-se, destas imposições que lhe contraem o movimento, sempre novas, entraves ao seu sempre continuado continuar ; talvez por isso.

Buscam se assim o s tema s da linguagem nas palavras que brotam, assim, que fazem se por dizer se como num frémito, caótico, que segue o ritmo, cego, ou como fora válvula de lei suicida que deixa a soar o caos o que é como busca do corpo e do corpo que são estas letras e estes signos e as suas palavras que irrompem, para de novo explodir, em ausência de sentido, de memória, em tema que é afinal, já o disse, o que se busca, o que se quer neste sentido.

E vão se fazendo as palavras deste querer que é corpo virtual e na sua palavra marca-se o processo em movimento e este ciclo, original da ordem que investe-se, apega-se, apaga-se à memória e irrompe esta forma das palavras, que surge, estatuto anterior, precedência. fim, causa.

É como trabalho de exaustão que destila e perfaz se no processo e faz se vazio a reconstituir-se, (d)o que faz se (nada) e, solucionado desse (nada) entra se no processo que limita, capta, contém uma gota na cidade do pensamento o que é como o reconhecer dessa impressão prévia de algo, algo como livro das palavras, das letras, que se põe, fundo irreal da dança externa das palavras, das letras.

E poder se ia dizer que algo faz por desfilar as formas as palavras e as letras e que este algo é como um outro, ou como um sonho, ou não, de vigília, que assiste ao desfilar e perfilar das formas e que estas têm, agora, uma facilidade fugaz e como que dom de por si se ordenarem numa série fácil.

E entre sente-se o desvio na palavra daqui que é tomada como réplica do que se busca, e isto, é como suspensão da impressão que remete, refere, na “própria” suspensão, como memória da impressão do tema que quer o tomar-se na palavra, que capta o eco da manifestação paradoxal da diferença, da palavra desfasada, formalizada, figurada, que apenas soa como eco, mais ou menos, desviado.

Poder-se-ia, talvez, chamar a isto a angústia da assimetria, ou (a)sintonia sentida, da palavra.

E o querer é este excesso que surge destacado daqui como fundamento, lógico, de qualquer operação sistemática, e a memória, que se apaga, é a da violência e do uso que dela é feito a favor de um estado, de “coisas”.

É uma maneira oriental no ocidente.

Desvio-me, talvez, do assunto, e, ou, talvez não, o que é certo é que “isto” que é a violência, antes, a captação da violência, é como que o “retomar” ou o “reiniciar” de um processo, ou de um ritual, que surge, repetido, do que está por detrás da película “nauseabunda” dos sistemas das palavras e que são como série s que alinham se pelo funcionar em si, e este funcionar em si será, talvez, o de “um” acto aleatório que culmina e marca, tempo, como fundamento de regra, inferente, como “fundamento regrado” de toda a inferência.

E este processo é, talvez, como inversão da regra que nos regressa ao coração da violência, do acto da violência, que nos põe as regras da conservação do poder da palavra, (n)as palavras, sistemáticas, assim alinhadas como padrão da violência, do desvio a contar.

A violência, ou a sua captação como acto, é real.

12 de maio de 2008

A Lua feita as estrias do som por canto grita o abismo s ditos sóis de um tomar vão que desponta o soletrar do trespasse, os espelhos inesgotáveis, os código s tidos da ostentação por cruzada maquinaria, rudimento. que diz cidade o socorrer, a festa ; e não se trata aqui do solfejo do caos nem do sol que traz-se espalhado ao alcance do impacto, da diatribe ou das longas manhãs das fontes ou das facções, dos rebentos em assimetria de desgaste virulento, ou da fútil, cravada, intenção.

9 de maio de 2008

" Quanto menos a renúncia e as restrições são biológica e socialmente necessárias tanto mais os homens precisam de ser transformados em instrumentos de uma política repressiva que os desvia de possibilidades sociais em que teriam pensado por conta própria. Talvez seja hoje menos irresponsável pintar uma utopia fundamentada do que dizermos como utopia as condições e possibilidades que já há muito se tornaram possibilidades realizáveis."

H.Marcuse.

24 de abril de 2008

Variação em W.

Um pode apreender um jogo de linguagem que o outro não pode e é nisto que tem de consistir, de facto, o daltonismo de todos os géneros. Pois, se o daltónico pudesse apreender todos os jogos de linguagem das pessoas normais porque haveria ele de ser excluído de certas profissões" ?

Wittgenstein – “anotações sobre as cores”


Sem dúvida que w. era um homem de afirmações, de afirmações da genialidade daltónica. w. trata a falta por tu e a falta deste é a de ilusões.

Sente-se, ensaia-se, interage-se, circunstancia-se - somos produzidos nos jogos de linguagem que nos funcionam – vive-se, invoca-se a dor, o prazer, repete-se, determina-se e refere-se, replica-se, atribuí-se em função de. Por vezes interrogamo-nos sobre o agente que sempre escapa e depois calamos – por fim, como que retomamos o jogo num outro nível - e o gigante move-se ... move. E sem dúvida que mesmo assumindo uma atitude céptica em relação a estes momentos da descontinuidade qualificada parece que não podemos deixar de os produzir, como se foram recordações, sempre renovadas, da tragédia que nos projecta em planos de jogos, causais.

Como terminais que não acedem ao todo do sistema, limitados, normais. -

O daltónico de w., porém, vê, ou não vê, como os normais, apresenta-se normal aos normais, furta-se, no entanto, sistematicamente, ao agir conforme ao procedimento normal do sistema, aparentemente o seu sentido é diferente (ou até inverso) ao do sistema, ou seja, à sua conservação, do. sistema.

Dir-se-ia que falta ao daltónico de w. o “saber” da acção que os normais “possuem”.

A ironia daltónica de w. roça a amargura do cinismo sem lhe tocar pois que o sistema toma a normalidade como garante de exclusão da anomalia daltónica e a falta do daltónico é a da impressão do (s) jogo (s) sistemático (s), que, aqui, não conseguem imprimir as linguagens, causais, dos seus jogos normais.

Ao daltónico de w. falta-o a falta dos normais e é essa a sua impressão, o próprio sistema de funcionamento sistemático, normal.

O daltónico de w. é mais que o sistema e é por isso que não pode desempenhar todas as profissões. É que o seu sentido de. acção é objectivo, visa, sempre, a transformação e actualização do sistema o que, por si, é fundamento e principio de actualização do funcionamento do mesmo, é principio objectivo de. acção (n)o sistema.

Sim, bem sei - diria o daltónico objectivo - que vocês jogam assim, eu não, faço por não jogar assim.

O que surge daqui é como uma translúcida impressão que dispõe os planos dos jogos, que, sempre, referem. É como retroprojecção do fantasma que se imprime em fogo, em puro movimento.

O objecto do daltónico de w. é o próprio sistema e o seu sentido é o da ultrapassagem ao mesmo, o encher-lhe as medidas ... a matriz do género daltónico é “anterior”; actualiza-se, sempre ...


“A religião, enquanto loucura, é uma loucura que provém da irreligiosidade.”

Wittgenstein.

16 de abril de 2008

S(c)ent (s)

T.

Ecos
da cadência
tida,
fundo.

int.

Uma função,
seu modo (s).

et (h).

O “sentido”,
claro,
dor , amor,
o sonho da justiça.

gn.

Continua® sempre
a chama,
faze-la sempre acesa.

m.t.

Teus olhos ¡

res.

Senso alcio
livre
do (s) contrário (s).

pot.

E o que distancia sempre tudo deste todo é este excesso !
O (h) meu desejo !

*

(i).(e)

sign.

Jo, me cago en lo.

14 de abril de 2008

O voo da solução.

O Passageiro aguarda a chamada e considera o fim da viagem que se depara. Esta é viagem que, decidido, sabe, quer fazer, e esta é viagem do regresso, da renovação, da libertação, talvez.

Não se pode, nesse momento, evitar a invasão do desconforto que, perante a perspectiva do combate, instalada, se lhe apresenta, aqui, pela forma incómoda da antecipação das formalidades rituais já, em si, creditadas. Cumpridas estas o passageiro instala-se o mais que pode no local que lhe foi designado e solicita, como em contra ritual da solução, um artifício que acalme a tensão manifesta num crescendo crescente ; o voo vai iniciar-se.

Os motores arrancam, o aparelho inicia-se o movimento na pista. Lento, inicialmente, rápido acelera-se até à suspensão nesse momento em que, sempre, transita e se toma nas alturas, como que desfazado, a olhar o lá em baixo, perigosamente em baixo.

O passageiro sempre receava - nessa estação - um congelar no beatífico lugar.

O zumbido adentra os ouvidos, toma o cérebro que o arrasta todo, perigosamente todo, como que num lugar de turbilhão caótico onde o passageiro sente a ameaça da aniquilação, a ameaça de morte.

A morte é palavra forte
tão estafada de desnorte ...

- estribilha em si o passageiro.

Este é um efeito ordinário. – pensa ; enquanto maquinalmente tapa os ouvidos nos dedos tomados em gesto de contenção, ritual que tão bem conhece.

O turbilhão passa e é já como que outra paisagem que, funda, entre as nuvens, vai desfilando, majestosa, pela janela do passageiro contemplativo já ateado em torpor de álcool e lassidão.

No entanto, algo pesa no âmago desta leveza que flui e é como um sentimento de terror que paira, indefinível, sem que o passageiro lhe encontre os sinais da constatação. Que será este desconforto, que nome lhe atribuir ? Em vão o seu olhar se dirige ao interior do avião numa busca que se inicia desse aperto que desconforta, inquieto. É como que uma busca no interior em que o passageiro faz por creditar semelhança que tirar do comportamento dos outros passageiros.

Estes conversam despreocupados. Dormem uns, conversam outros, lê, um ou outro, alguns passeiam o tédio no écran de televisão que projecta um artificio de corpos maquinados que representam, talvez ; como que formas de presença reconfortante, que, ao invés, vão no passageiro fazendo crescendo dessa ausência intranquila.

É cada vez mais forte a impressão que paira como onírico pressentimento da tempestade, e esta, não se larga mais do passageiro em torpor ; um crescendo fundo, oculto mas presente, como que uma falta instalada.

Uma artificiosa hospedeira passa no momento e o passageiro interroga-a sobre a naturalidade do curso ao que esta faz por retorquir assegurando a conformidade, do mesmo. Porém, nos olhos agudos do passageiro, é impressionada a constatação de uma sombra – um funcionamento que é artificial, mais, artificioso - e que, efectivamente, este, encontra no olhar da hospedeira que evita as explicações detalhadas.

É, aos olhos do passageiro, a confirmação da anomalia pressentida e que, imediatamente, se faz anunciar por forma de forte turbulência.

A hospedeira desapareceu e os outros passageiros ostentam agora olhares de inquirição perturbada que são como olhares que se interrogam da actual conformidade ao comportamento que deles será – eventualmente - esperado.

Correm – os olhares - o corredor de janelas alinhadas em busca de referências, sinais de reconforto, em busca da marca do reconforto, que, julga o passageiro, se manifestaria a seus (deles) olhos pela presença da hospedeira e do seu ar artificioso.

De súbito, em crescendo de tensão de sabor ensaiado sente-se o estalido metálico de iniciação da aparelhagem sonora do aparelho. Nenhuma voz ou mensagem é propagada das colunas que, durante alguns segundos, apenas, transmitem um fundo característico de chuva mecânica para, logo depois, os sons de uma conversa em surdina surpreendida, que se estendem, incompreensíveis, num pré estado de terror surdo que, agora, invade e se instala naquele espaço, aéreo.

Isto era, para o passageiro, como que o investir da anomalia.

Uma voz - o piloto, concerteza – apela a que se mantenha a calma pois a perturbação - que não é revelada - é normal, assegura : pouco demorará a passar. Discorre, de seguida, os procedimentos de rotina a ter, acabando, enfim, por reiterar a normalidade do procedimento, a cumprir.

O passageiro constata que a temperatura na cabina subiu consideravelmente e : - faz um calor dos diabos; pensa este.

Será esta súbita alteração térmica talvez sinal do início do processo que se quer ; atingir a solução da tensão instalada ? Uma primeira estação da transformação visada ? Será que é a própria tensão, quer seja ou não justificada, que gera a mudança de temperatura que, assim, tomaria meros contornos de efeito ? Pensa em si o passageiro.

No entretanto observa à sua volta, os outros, que parecem sossegados das – dúbias - explicações da voz, que metaliza, das colunas da aparelhagem e, sem parecerem notar a brusca, notória, subida da temperatura interna da cabina, voltaram ás suas ocupações anteriores.

Melhor assim ; - pensa - pois no entanto algo se passa e a prova disso é que a hospedeira não voltou a aparecer – com toda a certeza não pretende revelar-se na ambiguidade, que não deixaria de transparecer aos olhos do passageiro perspicaz - pensa o passageiro perspicaz.

O passageiro assume-se na solidão do seu voo sem, no entanto, se dar verdadeiramente conta do processo em si proposto no mesmo, que se desenrola.

Um mais forte abalo - como que um desequilíbrio - e nesta cabina, onde a noite é já profunda, a ante câmara instala-se por forma de tensão nervosa que toma os fácies, dos passageiros, que se agitam, infantilizados, em crescendo de movimento nervoso, para lá e para cá, no corredor da cabina, como num efeito térmico particular. Olham, ansiosos, as janelas em busca da causa que toma de. desfazar o avião e que, efectivamente, instalou a constatação sistemática da anomalia.

A cada momento que passa sente-se crescer a impressão prévia da catástrofe, e o passageiro, neste processo, toma-se, cada vez mais claramente, de uma calma profunda e – talvez - resignada, que lhe expõe a aparente verdade deste funcionamento – sistemático - dos passageiros.

Surge a hospedeira – finalmente - alguns dos passageiros não podem evitar uma expressão de alívio à sua vista ; outros, porém, deixam-se tomar pela cólera e cercam de interrogações a artificiosa, que sorri, muda, como se esperasse a revolta da calma para novamente assegurar, a normalidade - mas é o que não acontece, e, após ter repetido apressadamente as indicações da voz metálica, desaparece, assim, rapidamente no nariz do avião.

À vista desta nova atitude tida da ira dos outros o passageiro revela-se finalmente à ponte que estabelece à semelhança observada. O que antes tinha resignado em si como o cariz eterno da fatalidade é, agora, iluminado em crédito da arte induzida. E desta vez é a sério ; está consolidada a ponte que permite o desencadear do processo.

O avião começa a perder altitude, rápida e visivelmente, e os passageiros, cintados aos seus assentos qual sistema espartilhado em si, mesmo, gritam, choram e rezam, enquanto o solo, lá em baixo, aproxima-se a grande velocidade.

O passageiro, sereno, sorri da sua anterior intuição, da sua actual certeza. O sistema de voo é desvelado na premeditação do funcionar que impressiona em fermentação do pânico, em artifício de poder. Enfim - pensa como que à laia de invocação que justifica – o objectivo do voo é, assim, superado nas suas expectativas e este sabor de vazio imperial - luminoso até - é a constatação da vitória e do esquecimento que é – verdadeiramente – o momento analítico da solução que se precipita.

A queda prossegue em crescendo de pânico até ao colapso anterior à “efectiva” queda do aparelho, morte.

O sistema sonoro regressa-o na “realidade”.

O voo termina com a chegada ao destino proposto e conforme aos planos iniciais do mesmo; afinal - proclama a voz impessoal da aparelhagem - tudo correu bem, dentro da normalidade, sem problemas a registar.

É que afinal apenas se tratou de uma implantação lúdica que a companhia têm por hábito proporcionar aos passageiros, ansiosos, afim de os distrair, relaxar ; e que funciona, ao mesmo tempo, como operação de construção de imagem. Como uma operação de marketing de construção do pânico.

Este fomentar da tensão foi como que uma ultrapassagem da tensão e que investiu a mesma de um estado fantasmático. Uma veste mágica que se tira e observa, que se analisa num processo necessário de realinhamento, de transformação.

Enquanto desce as escadas do aparelho o antigo passageiro é inundado do sol que desponta e afinal – pensa - aquilo que se propunha como fim nebuloso da viagem revela-se, agora, um novo irromper e sabe-o, agora, este fim é um saber que integra, que toma, transformado de transcendência, numa estação que é de (se) saber, de ser.

N.R 04

7 de abril de 2008

O olhar trespassado
sustenta-se
e replica
no exercer cego
da magia crispada
que se têm
na suspensão
do adivinhar crítico
em virtual
viagem de pólo a pólo
que marca o olhar trespassado.

Torna matéria.
Oprime.
É própria crítica.

Um estilo atenta
e representa
o campo de enunciado
em pose analítica
da(s) visibilidade(s) total(s).

(Como numa premeditação integrada.)

O olhar atenta
e sustém
no repente da agressão subtil
que se insinua
firme
em olhar que invade
do vazio insinuante.

O olhar sustém
e vê-se em contratempo
na esboçada invadida interrogação.

O olhar foca e fixa
esvaziado,
deixa-se,
distendido,
no corte da creditada impressão.

O olhar deixa
- qual aliás que jorra -
e sabe
o fogo do sol
que queima.

O olhar de máscara
sustém
o choque directo
do enunciado
que agride.
(emoção)

Besta do desconforto
entre dito
que transparece
num vislumbre
que regista,
que é confirmado.

Desconforto
d’um sondar
nos olhos abertos
fugazes,
infinitamente focalizados
numa atenção funda
que salta
em substante irromper.

que é:
contínuo enunciado
que corre surdo
e suspenso
e envolve (d)os sabores
entre saboreados.

O olhar evita
o reconhecimento partilhado
e representa
as sociabilidades tensas
dos espaços comerciais,
das organizações intencionais,
no comprometer
de representação mundana...

há um inevitável momento
do reconhecimento particular
que é partilhado
na representação
de um (in)contar
e é como enunciado
sombreado
em aderência(s) que desliza(m)
como máscara(s)
de civilidade tensa.
(enunciado primário)

O olhar de verbo
que marca no sujeito
e nos olhos do pueril orgulho
apenas é
os olhos no fantasma.
(objecto)

Os olhos abertos fixos
em esfíngica moldura
que se faz na exaustão
e esvazia de fixidez real.

(investida.)

...é como que contratempo
da bestialidade que ecoa
na oculta,
substante,
movimentação.

O olhar aberto
de exausto vazio
que
- em ensaio de (in)perturbação -
se deixa
por candura de não investimento
e representação consistente.

O olhar evita-se
de anterior próximo
registo partilhado
em sentido ressentido
de impressão anterior,
que ameaça,
na projecção espacial invadida.

O olhar seduz
na distância da distância
em entrega de solicitação solene.

- -De natura instintta –

Que é:
Um respeito que se têm na terra,
uma terra que se têm na espera.

O olhar da insistência
do fogo civilizado
da natureza (fêmea)
que em nada
rodopia
as coloridas correntes
condicionadas.

Caos (in)axial
(k) não integra
os condimentos
das carnes de consumo doce.

Corpos
que se têm desalinhados
no momento do pacto,
da reunião.

O olhar de agressão
no fogo que invade
de impressão
e apelo natural,
como submissão ensaiada
na premeditação
de uma marca maternal.

Instinto de um apelo lapidar
na certeza do fogo solar
que flui,
sempre subtil,
nos odores da imensidão caótica.

E que toma
(etéreo)
(evanescente)

a semelhança que se têm
na semelhança da diferença.

(impressão)

O Olhar procura
na força imperial
que subjuga e invade,
faz ;
da força insinuação,
e faz ;
da insinuação
magia,
e subjuga ;
na impressão creditada.

- confirmatta -

... é uma velha história
de manipulação axial
que ;
nesse correr imenso das eras
se torna
em operação desalinhada
das naturezas condicionadas.

Como um desfazar (d)o tempo dos ciclos
que se precipitam,
alheios,
em ensaios de conveniência virtual.

Empatia invulnerável.
Um reconhecimento de reconhecimento.
Uma vaidade espacial.

(temporal)

- algo que sacrificar a seu sacrifício -

O olhar de cá.
Agressão reconhecida
creditada no Ocidente
dos olhos cerrados,
marcados
de um percurso solar
que flui,
cego
(Ocidental),
na impressão que
(se) toma no levantar
da premeditação,
sentida (n)das ansiedades
da agressão subtil,
que se têm ;
nas contrariedades
da suspensa inércia,
como luxo do infinito negro
que implode de multiplicação.

Espaço invasor
que se projecta,
animal,
e é qual graça que invade
todo(s) o(s) lado(s) e
se faz em espaço
no ponto da conveniência instintta.

- espaços que regressam na vida -

Os olhos que perscrutam,
exacerbados,
em estado condicionado
que busca a impressão
social da diferença.

Elogio do olhar
que sonda a insistência,
árida,
liberta dos sistemas
que sempre impõe(m)...
e,
por fim,
o olhar que parte,
enlevado
das solicitações urgentes,
do reconhecimento natural,
partilhado.

O olhar de animalidade aberta
que busca o bem de impressão.

O olhar surpreende-se
na invasão tida,
na lisonja que descentra
em inquietação
d’um esfíngico fazer
que se domina
da sustentação contida.

Os olhos furtam-se
desse embate animal
no olhar contratado
das idades celestes.

Os olhos perdem-se
na noite
que fixa e refresca
em eixo que dilui,
solícito,
as multiplicações (in)determinadas
do voo vácuo.

São espaços (in)aderentes
da condição imposta
e que fluem
pelos olhos
da multiplicação caótica
como eixo d’amor invisivel,
indeterminado.

Uma aglutinação
cósmica que germina,
misteriosa,
pelos fundos
substantes do movimento.

- antes do movimento tabelado -

Movimento,
próprio movimento
de (in)condicionada produção.

O olhar perscruta,
analítico,
em vazio referir ao objecto,
como que clarifica
e furta da marcação
em inato germinar,

que é ;
torvelinho de trituração
de matéria que cintila
em preâmbulos de informação.

Momento bestial
da marcação inominável
q’implode,
surda,
em sopros de pesado pulsar
e alheamento do vasto tido.

(vácuo)

que,
em olhar do cimo
das cristas
da noite cintilante
preenche no olhar.

(lugar)

e,
ausente do estar confortado
do infinito fluir,

- o que são eras de nada e como não permanência infinita -

em eterno se expande e
preenche
nesse fluir noctívago.

O olhar assusta
em perseguição e assédio
a marca esfíngica
do poder
que promete descanso
e rios do condicionar,
negociado,
que acolhe
nos braços do aconchego...

- vennoso -

... ilude e aproveita
num modo de informar
cego
da(s) ironia(s)
e da(s) lei(s),
do(s) destino(s) traçado(s)
nas linhas da fuga programada
da desolação combustível.
... alimento
de carne e sangue
no olhar
que imprime e vêm
dessa visibilidade
de engenho esvaziada.

O som do saber dos céus
insinua-se
pelos mantos do negro
cintilante
que corrompe,
tritura,
destrói,
irradia,
em acto essencial de vontade e criação.

Intensa (i)limitação na infinidade que se sente,
cintilante.

O olhar trespassa
e fulmina da identificação...

substantte

nos olhos fixos cerrados
da crispação,
do estupor,
e que é;
como ponto (zero)
da informação essencial
q’ irrompe,

exacerbatto(a)

em magias da fixação
e da bestialidade transparecida,
informada.

O olhar d’alcance
atento,
fixo
em devastação
que tritura e oprime
na tentação

- coccenttizatta -

decomposta
por clivagens
postas
em analítica conversação.
que dilui,
coagula,
renova
em opressões da intensidade
que transporta mutações
do movimento
que envolve,
que levanta (os) planos
que desconsolam
no enlevar
vazio.

O olhar de alcance
atento
irradia
cego
as cosmicidades germinais.

O olhar de excepção
subtil
estende-se
em rede de innuendo,
num odor livre
de ligações
da libertação assistemática
e na excepção
que se revela

- Real -

em resoluções
exaladas
do(s) mundo(s) da dissolução.

...contínuo
diálogo que sonda
e ensaia
as mágica(s)
d’um fito de vénus
de vestes vendidas
e poder.

- tout court -

Os olhos da justificação
e do compromisso
(como má consciência que rema no vazio)
marginam um dizer
como em ponto
não previsto
que investe,
vitorioso.

As visibilidades penetram
essa couraça
como em cínico
e artificial
germinar da vingança
que implode no vasto fundo

- clivagem -

em surda beleza
que irrompe
conquistadora.

(objecto de histrião)


O olhar evita
baixo
a euforia (d)o enunciado surdo.

Dá-se ,
físico,
em visível manifestação
tida d’um dizer

(d’um dizer do fundo)

sistemático
que é ;
como breve ficção
do olhar fixo e fugaz,
e que é ;
como dizer do abismo
que irrompe
em jura
de continuidade fugaz
no momento
que desliza e fica...
ponto.

Verbo emergente
que confirma
(um) percurso finito
entre registo e creditação.

Cintilação suspensa
que corre
as prévias redes pontuais
na forma dessa visão atlântica.
(lápide)

Os olhos de esfinge
ignoram e castigam

- saqueiam -

qual objecto avassalador
nos olhos do buraco negro
insaciável
de nada.

Olhos de medeia
miragem
que enlouquecem
em ponto
lapidar de nada
e são
simples apelos verticais
da besta do oriente cego.

- linguagens -

Estátuas das histórias
dos olhos vazios;
das cintilações da loucura,
das eras,
dos abismos,
das margens,
dos rios,
das histórias...

O olhar virgem
do reconhecimento natural
é mistério
que se suspende
num espaço a vir
da tensão
que se distribui...

(como em prévia impressão original)

O olhar deixa-se
na crueldade
da impressão (des)investida
e é qual sanguinário Eros da futilidade.

Ali,
do outro lado
dos olhos da impressão (des)investida
está
o próprio objecto profundo dos olhos.

...e isto quer dizer;

que,
quando,
o objecto é profundo
nos olhos abertos,
a realidade,
que os olhos de impressão
focalizam
(no objecto)
é,
assim,
um profundo terror
ali,
do outro lado,
e de onde vêm,
a impressão
que se surpreende
e faz o animal profundo.

...é como magnitude suspensa
que se projecta,
derramada,
dos olhos da impressão (des)investida.

Os olhos abertos
insinuam o interesse
consolidado
no olhar de sedução
justificado.

Os olhos abertos
ilimitados
pensam os corpos
dos olhos abertos
insinuantes.

Os olhos abertos
cerrados
(i)limitados
fixam os olhos abertos
cerrados
fixos
efectivos.

Os olhos fixos
cerrados
vazios
em agressiva vertigem
que é qual radiação dirigida
que atinge
os olhos abertos insinuantes.

Os olhos do medo
que pára
e obriga ao tédio vazio

Os olhos do fino trato
vazio
que seduzem ao abismo
e incomodam
no fundo dos olhos abertos
insinuantes.

Um (in)axial saber
imediato
num troar
de insinuação aberta.

Os olhos abertos
fixos
vazios
da ausência (in)condicionada.

O olhar de perfuração
caótica
como intensa gravitação
negra.
(força)
no apelo surdo
que radicaliza de desconforto.

Os olhos cerrados
fixos
vazios
na efectividade
(in)condicionada e subjectiva
que agride
o vazio no corpo do objecto
e nos olhos feitos vazios.
(do objecto)

O olhar aberto
sistemático
na marcação feita
a espaços
que se abrem
nos olhos abertos
analíticos.

Espaço
que se desdobra
em descontinuidade
dos olhos abertos
luminosos.

Olhos de nome
repartido
que se recorta.

Os olhos atingem
o compromisso subtil
como em jogo emotivo
que corrompe o comércio aflorado.

Os olhos predadores
da selvática invasão
buscam o alvo,
sôfregos.
qual máquina que desespera
o impacto
e se rompe,
cega,
nos olhos do vazio.

O olhar do compromisso
agride em invariante
de agonia factual
e busca
o sangue da intenção
em sintonia de selvajaria firme
e falta que se suspende
onde se separam os olhos
do compromisso invariável.

(Os olhos do inesperado vazio.)

E os olhos deslizam destas faltas
que se insinuam,
voláteis,
no olhar que então procura.

São velhas imagens,
todos os segredos desvelados,
recantos antigos que são
como que câmaras de morte revelada.

N.R 04

4 de abril de 2008

A Espiral Selvática (anotada)

(Amor é paixão civilizada!)

Era por cerca do sol da manhã quente e seguia nessa rua estreita/íngreme que ia à casa feita luminosa... do sol. Plácido, absorto, ali buscava o que lhe evidentemente escapava... Íris dos verdes vagos olhos desce em labaredas de ausência e logo ali retém o vilão sereno que interpela :

Íris - Em que vagueias e crês vilão?
Serão magias, destinos?
Sem dúvida um desconforto
pois eu digo das almas,
dos sentidos,
das intuições totais,
plurais.

O Vilão espantado do reconhecer faz as elevações da prudência, a saber; é como que vilão piedoso.

Vilão - Pois seja que bem o dizes
e venho aqui, sou.
Bela Íris, soas tão prazenteira.

O Vilão fazia de agarrar suspenso o momento em que via (a) magia e era um sonho de Íris. Um sonho irisado sem dúvida, o que, por si, já sabia, já é ... e assim foi adiante.

Íris - Pois nada mais intenso vilão
e é assim que te reconheço,
sim!
É neste momento que eu sinto.

O Vilão retrai-se, calcula.

Vilão - Que dizes tu aqui Feiticeira (1)
dos perigosos verdes olhos?

Íris - Para ti Vilão?!
Dizes então o regresso
e recusas o momento,
a reunião?

Vilão - Digo o que digo e és bela,
selvagem,
ausente.

O Vilão em sua torre atingido sacode brutal e é Íris que enlevada tão certa. (2)

Íris - Venho de estar ausente (3)
nas dores do pensar
e é nostalgia dos regressos,
a ti, antes do medo,
do mundo, vês? (4)

Vilão - Sim.
Mas por bem
que não vejas teu espelho,
em mim. (5)

Íris – Bem me sei selvagem
e desses limites.

Vilão - Que te impões,
e não de mim,
que eu não sou limitação.(6)

Íris - Pois careço se o quiseres
do sentido que me és. (7)

Fitam-se enlevados nos olhos de emanação das voltas que ecoam nas espirais.

O Vilão beija os verdes olhos

Íris - Sabes que me dou imagem
e sou perdida.

Vilão - É grande o regresso
e é trabalho o que dizes.

Íris - Falas bem vilão,
como um belo arquitecto.

Vilão - Arquitecto selvagem decerto.

Íris - ... e o nosso primeiro
eterno motivo,
saberás dizer?

Vilão - Agora és mulher.

Íris nos verdes olhos de si tão cheia na espiral que ri enamorada nas suas doces voltas.

Íris – Sim,
apenas sou mulher.

Vilão - Livre
como selvagem pode ser. (8)

O meu caminho quero ver,
pois as grandes palavras fazem-se.

Íris - E digo aqui o regresso.

Tolhidos tomam seus corpos de transformação na espiral que transpira dos poros.

Vilão - Um regresso a ti
que bebo no esquecimento.

Íris - Celebremos então
que a espiral ecoa doce e
a fazer desse trabalho é
que à Deusa eu agradeço
do que eu sinto e ser mortal. (9)

E não receio perder o chão. (10)

Vilão - Dizes do que és
e eu regresso suspenso,
tocado.

Íris murmura os ouvidos do vilão na espiral que adormece.

Íris – Regresso
os falares de amor
e sem medo em ti.(11)

Vilão - Belas palavras
de néctar e esquecimento
e o trabalho é imenso.

Íris - ... de amor Vilão.
Das grandes palavras artesão.(12)

Vilão - Faço por ser da vida,
agarrar, a saber,
do momento.

Íris - Assusta-me onde vais
pois é do total que eu sinto (13)
e é a vida
e já nada é mais
e nós dois
o que é tão doce.

Vilão - Pois que nos vamos a ter
no trabalho que nos espera.

Íris - Só mais um pouco
deste abandono tão doce
em que eu aqui
tu próprio fosse,
tu,
que és todo de mim
meu vilão
e em ti
eu a mim necessito
e vejo e inicio
o trabalho.
.
Fundem-se selváticos nessa hora da espiral que ecoa desordenada em suas voltas.

Vilão - Pois por magia são limites
na causa de tantas correntes.

Íris - Sei que és tu
e que é tudo.

Vilão - Que é tudo
e que é nada.

Íris - Tenho amnésia de nada,
eu,
só quero o nosso regresso.

Vilão - És bem mulher
e eu sou vilão
e tenho de saber a razão.

Íris - Que temos só de fazer.

Vilão – Íris pragmática.

Íris - Uma tonta enamorada
e sei dessa magia
na matéria do que temos.

Vilão - Cerrados em selvajaria,
indefinível esquecimento.

Íris - Sim,
e que é amor,
ou sou errada?

Vilão – Grandes palavras
que adiante saberemos,
talvez,
dizer.

Chegados nessa encruzilhada em que se diz do que se faz os raciocínios são assentados na espiral que ecoa.

Íris - Pois sei que é amor
e que o digo.

Vilão - Selvático,
sinuoso,
em suas voltas impiedoso
e é nesse o nome
em que eu te espalho.

Íris - Sim Vilão.

Vilão - És feiticeira
e fera do momento.

Íris - É que amo vilão e sempre e sem limite.

Íris dança gargalhadas na leveza dessa essência da espiral que ecoa os rios negros nos olhos do vilão.

Vilão - Quero-te!
própria matéria selvagem
de criação.

Íris - Matéria desconfortada (14)
pois são civilizados comércios.

Vilão - São as razões dos espaços
o que é muito espanto.

Íris - Pois não sossego vilão.(15)

Vilão - É prudência
nas correntes claras
a nossos olhos. (16)

Íris - Pois o quê vilão?!
Sei que sinto,
não chega dizer?!

Vilão - É que são espaços de morte.

Íris - Religações alugadas
de tanta fria civilidade,
hipotecas.
Sabes Vilão,
eu orgulho o ser selvagem.

Vilão - E que te quero assim.

Íris - E porquê o não dizes Vilão?!
Pois que o é total
e que eu faço
o que eu já não sei
o que eu digo, digo. (17)

Íris plasma tão pasmada e pois quer ser do vilão, das suas negras voltas.

Vilão - Pois é brutal momento
o dessa escolha prudente.

Íris - Escolha Vilão?!
Pois o que eu tenho é urgente
e dizes saber oportuno?!
Vilão!

Vilão - Ironizas em vão
dos imensos glaciares.

Íris - Pois não me interessa
e assusto os medos (18)
e brinco e não careço
dos limites e desafios.

Vilão - A devorar
e digerir. (19)

O Vilão atinge a sua razão nas negras voltas da espiral que ecoa.

Íris - A saber não quero
pois sou contigo,
completa.

Vilão - Resguardas-te desse nó?!
Adivinhas (d)onde nasce?! (20)

Íris - Tenho medo
e não quero passar,
eu sou daqui,
selvagem. (21)

Vilão - Já o não és morreste,
lembra-te, pois,
do voltar que faremos
no imenso edifício
da nossa selvagem civilidade.

Íris – É pois tudo tão confuso
neste tão imediato indistinto,
é já. (22)

Palavras do rubro vilão:

Vilão - Assentámos a matéria
das artes de navegar
e fixo-te então etérea
na coragem de desvelar.

Íris - Eu tenho um amor selvagem
eu tenho um som original,
um suave, doce, fino arrepio.

Vilão - Que bem dizes,
de amor.

A espiral selvática ecoa ritmada nas suas cadências.

Notas por N.R.

1-O Vilão sente o perigo que significa o apelo de Íris, (que é um sentimento de previsibilidade e consciência) e que, a ser seguido, significará um salto no vazio e no negro da morte. Digo que é um sentimento (de) complexo pois se bem que este efectivamente o desconheça, ou antes ao seu desenrolar, (num plano humano de conhecimento, dizia) este apelo gera-lhe por um lado a força sincera e animal da precipitação (a paixão) e por outro o complexo propriamente dito, a coloração humana da morte e do amor, do compromisso”- essas ”civilidades urbanas” - como à frente dirá Íris. Ou seja ; a projecção formal do contrato social do amor. Cabe ao Vilão reconhecer a construção virtual e condicionada dos campos pré-fabricados, por um lado, e a totalidade do instinto animal por outro. E penso, eu, que o Vilão se encontra suficientemente desperto do aproveitamento que se faz destas ambiguidades e daí também a sua ambiguidade embora, na minha opinião, se entretenha, até certo ponto, no cálculo dos” jogos das correntes”.

2- Íris está certa, sim, da paixão a que chama amor, antes, a certeza de Íris é exactamente a certeza da constatação, nesse momento, da formalização do – seu – caos, da sua ausência, naquele ponto Vilão que, a partir desse mágico momento ausente se torna, efectivamente, amor. É como uma primeira formalização da paixão caótica e informe de Íris. É um compromisso de difícil resolução que se apresenta nestes dois que se querem. O Vilão, formado de informação que deseja Íris, cauteloso, e Íris, informada de formação que quer, o Vilão.

3- Estar é uma palavra com uma conotação e coloração sonora que me agrada e que me parece bem apropriada a Íris e ao que ela sente. Íris poder-se-ia chamar : “Estar”. Ah ,Ah!

4-Íris aparenta não estar certa do objecto do seu medo. É como se quisesse convencer o Vilão de que têm medo, de algo ; será que Íris, no seu jogo de sedução, plasma um medo que efectivamente pertence ao Vilão? É, no entanto, Íris que o diz. Será que na sua intuição sedutora se oferece no papel de ”símbolo de transferência”, como espelho?

5-Será que na realidade se trata de uma (eventual) inversão subtil e que nesse caso não será Íris que toma espelho no Vilão mas o inverso? Que significa esta dupla inversão de sentido? Claro que Íris não irá ver seu espelho uma vez que, efectivamente, se está a oferecer, antes, como espelho do Vilão. - Não diz Íris: “Antes do medo e do mundo...Vês?” - e digo eu: Antes desse medo do mundo do mundo, vês-te Vilão? Como eras, quando éramos, um só; Estar! É como se Íris plasmasse as colorações “complexas” do Vilão por força a desencadear o Amor, da Paixão. Como se Íris reflectisse em si os desvios entre ditos do Vilão.

6-É como se o Vilão se descartasse, mais uma vez, da imagem que se lhe apresenta como que num écran, um efeito de écran.

7-Será que Íris carece, efectivamente, do sentido que afirma ser-lhe o Vilão? Pois não diz se sentido apenas se este o quiser? Dir-se-ia, mais uma vez, que Íris joga sedução no Vilão e de uma forma que já não é assim tanto subtil. A carência de Íris está dependente da vontade do Vilão, é uma relação relativa e a vontade efectiva está aparentemente do lado do Vilão, ou seja, Íris quer ser limitada e é esse o sentido, e é neste sentido que o Vilão lhe surge como justificação e espelho. Íris joga e seduz com as palavras afim de transformar limite em sentido.

8-Dir-se-ia que o Vilão desdenha ou não se sente seguro dessa liberdade selvagem de que fala, assusta-o talvez..

9-Atrás, Íris espelhava talvez os desvios do Vilão, agora, pelo contrário, incentiva-o no desvio correctivo, (?) na direcção certa.

10-Íris continua, cada vez menos subtil, o seu trabalho terapêutico de monitorização. Desta vez é o medo que, na realidade, não está em Íris mas no Vilão como aqui ela lhe diz de forma subtil.

11-O Vilão continua os seus processos de intenção pois aparentemente apenas vai fazendo por ser, não é, efectivamente. É como que uma racionalização “impotente”.

12-Íris continua a dizer a primeira e única limitação e que é o próprio veículo, segundo ela, que contém e formaliza todas as cores e formas.

13-Íris choca-se da “neurose” do Vilão? Em Íris a sensação e a constatação do sentir estranham a racionalidade Vilã.

14-Terminado o trabalho de conversão do Vilão as polarizações invertem-se, novamente, e é agora íris que monitoriza, sugere, a racionalidade esquecida do Vilão. É como o culminar de uma dupla inversão, ou dupla inversão no écran que é Íris. O dissolver dos pólos, mais e menos, que prendiam e travavam o Vilão.

15-Íris, que é caos e movimento, descobre que até na primeira limitação do último véu em face, (que passou), não pode e não consegue estar; chega, enfim, a hora do Vilão se assumir como Vilão, de tomar e formar a essência, de morte.

16-O Vilão, embora não tenha abdicado da sua racionalidade, surge impregnado de movimento. A sua polarização inverteu-se primeiro para agora se afinar em premeditação.

17-Íris desespera de informação e é final e completamente integrada; o Vilão, a partir daqui, vai crescer na sua premeditação, paixão, de amor ; é a efectivação desta dupla inversão de écran que trouxe o Vilão da limitação à ilimitação e agora à deslimitação efectiva, à sua integração. Íris é o espelho invertido desta viagem.

18-É curioso, pois dir-se-ia que Íris se desdobra em si e se monitoriza como écran de si própria defronte ao Vilão.

19-O Vilão, seu “upgrade” feito, já vê à frente sem se tomar, prender.

20-É o Vilão que assiste e incentiva o combate de Íris com o seu écran de projecção civilizada.

21-É o medo que Íris (lá atrás) plasmou do Vilão que a toma de (se) invadir e ultrapassar o “seu” écran, como se o fantasma do Vilão se tivesse formalizado em écran de Íris agora que se autonomizou do Vilão.

22-Momento culminante em que Íris motivada e desencadeada pelo Vilão se precipita na dissolução e que é a dissolução do desvio e do fantasma do Vilão. A partir de agora Vilão e Íris, Íris e Vilão são apenas... amor... ou antes, “paixão amorosa”; “selvagem civilidade”.

NR 03
Aos meus olhos escuto o silêncio
e não me calo,
porém, quando a noite cai,
perto,
quando sustém um segredo ;
isso,
isso é a maneira.

3 de abril de 2008

“Não ireis parar com a matança de sinistros ecos ? Não vedes que uns aos outros vos devorais em desmazelos da mente...”

Empedócles.

1 de abril de 2008

O estado interesante da necessidade.

Algo entedia-se num revolvente soluço que carece a algo, a uma resolução.
E que significa afinal uma resolução ?
O que é que, afinal, se torna a solucionar ?

Escória do tédio que nos gera tédio .

(O) estado interessante é o próprio processo de. (um) que é o atingir da causa.
O atingir desta causa é o fazer sentido sobre o tédio que se desenha, que se figura em acção ; em figura.

O acrescentado da necessidade.

Como que (um) sonho de libertação, da necessidade ; um sonho necessário.
Um sonho necessário de “uma máquina” que nos necessita em possibilidade, em possibilidade de figurar.

Sejamos sérios pois este não é de todo um processo inocente, inócuo ; e talvez o homem assim se saiba e aceite, talvez se não saiba e aceite, talvez se saiba, ou então não aceite. - o homem atinge-se ali ! No seu sítio. Temente do seu além ; como numa imensa válvula imperial da conservação, do tédio que se cintura, sempre, a soluçar, uma “liberdade” que regula, garrota.

O Sonho necessário desta máquina que nos necessita de artifício e fere ; cega ; é a máquina a que chamamos homem, civilização ; o nosso homem universal.

Utopia do regresso.

Quisera a necessidade que se não excedesse
e antes um estar animal
e talvez livre,
e talvez, nada,
talvez absolutamente, nada.

A utopia do regresso ao grito nunca é um atingir esta direcção do homem.

Aqui ; é a atenção que molda, que cria, em processos plásticos que são realidades e que ; hellas – sempre figuramos nesse sacrifício que figura maquinal.

Tudo isto me cansa porque é maquinal e porque corrói e dilacera ; e esta possibilidade que se desvela é talvez o próprio torpor, a própria náusea , esta figura destinada ao sacrifício e que é motor de civilização, veneno das alma (s) ; (um) rasgo sempre por preencher ; de (dor) amor ; de possibilidade de amor.

Os processos da figuração são processos da figuração ! Figurações.

Em si as figurações são lixo. Complexos de anomalias mecânicas da necessidade que se (in) põem, (a)o próprio, movimento, ler funcionamento, da necessidade maquinal, ler aqui – artificial.

E sejamos muito sérios ; estes complexos são maquinais porque nada têm a ver com a (própria) necessidade e são, antes, possibilidades dos homens dos quais, a máquina, necessariamente se alimenta para se possibilitar.

São figuras complexas estas : Arte ; Cultura ; Economia ; A civilização assenta nesta possibilidade, sanguinária, que exige a terra para (se) possibilitar.

Não o esqueçamos ; uma figura ; um modelo , é um cadáver, não um exemplo de felicidade, ou de liberdade, passo o termo.

... e mais uma vez Sísifo.

Sísifo, ao eternamente repetir o seu trabalho, matizado de tragédia, não nos está a condenar a nenhum rochedo sem fuga, onde, em nome de algo chamado, antes nomeado, homem, para sempre nos padecerá da sua opção insensata, não ! O que uma figura é ; - o que nos diz Sísifo – no seu trabalho – é o sedimentar de um funcionamento que nos fascina e agarra pelo – seu - hábito, pelo seu tédio de funcionamento e de onde, sempre, dessa cor que é a figura onde colocamos, carregamos, (o) funcionar de Sísifo é possível a evasão porque, afinal, o que se vê e o que se pensa e o que se sente Sísifo não é Sísifo, antes, apenas, a possibilidade de Sísifo ; como que combustível do trabalho, talvez.

O olhar o trabalho, evadido, é olhar o trabalho, nada, mais.

O que implica o ver estas escórias regurgitadas é a possibilidade que se esconde por detrás deste olhar que, deve, somente constatar, não tomar.

A Espiral.

E isto será, talvez, o atingir do verbo ou do cálamo, ou daquilo que é a fé ou a compaixão dos teólogos amorosos ; daquilo que é – no fundo – o poder, fazer ; o próprio absurdo do verbo indo europeu vestido de piedosa possibilidade de amor.

27 de março de 2008

Intro

Falta, fio, aglutina, dor, fio, falta (me) o aglutinar os nomes do caos que voga,
que deixa a vaga vontade, antes, o vazio possível. E cria um tempo na luz ou liga em tempo por luz o que é como que uma positiva luz e poderá chamar-se-lhe o sentido, positivo ; ou o sentido que foge no acto. (?)

Nó cego.

E o acto ?
– neste sentido –
Pois que se trata aqui do acto pelo acto, antes, da acção . (?)

E não, esta acção é acção em sentido, e toda angústia é acção em sentido – maquinal - do que vai de necessário a possível no instante em que se guia ; aglutina, dor, convém ; tempo ; mito.

Tédio desconexo.

Este passar da necessidade é o (próprio) âmago (do mito) que se descobre tédio que vêm, sem sentido, a cair a si, marcado do cariz remoto, que o traz ao final, (sem sentido), à causa.

Isto é o culminar a corda que agarra e propaga, que vai na ordem do convir que se ex. tende, ao gancho, remoto, final.

Este sentido do sentido é o fim ; causa, algo no outro termo da necessidade e é o que do mito transcende a morte, no possível, absurdo, possível, que é a inscrição ; o lançar a (s) heróica (s) posteridade (s).

E este tédio é o nada do evadido atirado ao vazio do cariz que se toma, sentido.

Órfão estabelecido na necessidade surge como num rápido movimento, possível expressão, que se põe a corda que liga, constitui, aglutina, matéria (s) do tempo ; (d)o tempo (necessariamente) original do órfão evadido.

Entre o fazer e o fazer de uma certa maneira põe-se como que uma certa possibilidade (consciência) estética, diria ; e o órfão ; entediado desta eternidade incessante toma o possível, que o dilui, soluciona ; do tédio ... como possibilidade que anima, que (o) anima.

E o tédio ? Que têm da imperiosa necessidade ? Poder-se-á dizer do tédio o surgir no esgotar a necessidade imperial, no seu exceder (se) as medidas, eras agrícolas, este excesso, mais valia.

Poder-se-á considerar o tédio como um prÆsentir do que (ser(á)) (?) ; como que escória ; arte ; que transcende e morre (se) a (mecânica) necessidade de algo, de um “pathos” ? O tédio é ; assim tomado, o estender do absurdo na possibilidade (in)finita. E é isso que é o tédio.

E esta é uma possibilidade que se ignora, o que é como preâmbulo da tragédia que, ao cair em si, possibilita (se), retoma (um) fim que, efectivamente, vêm a tomar a caótica dança das miríades, de matéria, do tédio, um vogar algo caótico que busca.... algo.

Algo salta num salto possível que atinge, além ; novo ponto que (se) apoia, que se sustenta ; que estende-se (n)uma corda de possibilidade e que é o próprio possível que nasce do sonho como (n)uma extracção, remota, que (se) expressa.

O Tédio de que falava é (um) “estado interessante” da mecânica ritual da necessidade, da matéria ; “necessidade prenhe de possibilidade”, o tédio é essa própria gravidez.
E este vazio que se nos instala e que se nos força em regurgitar e que é o tédio, que busca, que se atira, sem sentido, (com) sentido de se fugir, o marasmo, o tédi

20 de março de 2008

(...)

O Outro


Outro pulsa o maquinar que é próprio e que é tido ao fazer (de) que (se) estranha, em que se escapa os corpos.

O poder outro plasma (se) a teia, reserva-se, a não intenção das partilhas, formais, a sobrevivência do existir, do sentido outro soluto que escapa, livre, à precipitação que corre, a nota que se compõe em mananciais, que regenera-se, em esclarecimento (s), em ânimo que se abre.

Outro simples abstido livre que é matéria e que faz falta, ao funcionar, das naturezas, natureza (s), da (s) (i)limitações, tempo, espaço, e as formas, miríades totalizadas que dançam rodas eternas, de dor, poder, uma tragédia, uma dignidade.

Como imenso turbilhão lho houvera chegado às ilimitadas dimensões, da ironia que tudo plasma, tudo informa.

97.

19 de março de 2008

" (...) Ele mostrou que esta virtude suporia nas pessoas múltiplas outros tantos absolutos ( por paradoxal que possa parecer este pôr no plural do absoluto ) ; que a verdade racional sobre a qual estes seres separados podem unir-se não compromete todo o seu ser ; que o resíduo exterior à unanimidade não era nem insignificante, nem negligenciável, mas era, precisamente, absoluto, original para toda a eternidade, como o eu de cada um do qual a experiência directa e irrefutável nos ensina a unidade irredutivel. Estas pessoas múltiplas permanecem separadas até nas verdades que comungam. Mas a separação não é um "pior passar" do qual preciso seria, únicamente, acomodar-se. Ela abre a via a uma outra comunicação - ao amor - inconcebível sem a separação dos seres. (...) "

Levinas cita de cor Jankélévitch em "Difficile Liberté".
O Dia da partida

É de novo dia na árida realidade cega o que é como cor(a) de singularidade ; carrega um peso simples, inevitável.

É no entanto diferente este outro dia.
Põe-se de cisão.

Emergentes sintonia (s) (a(um)) espaço desfasado o que é como urgente visão.
Fluidos de agis fibras (a)dentram-se a (s) matéria (s).
Plasma (m) (se) da estilhaçada realidade que implode.
Multiplicidades multifacetadas.

Os planos sobre postos perpassam-se.
Invadem-se o espaço.
Ali.
Que com funde-se a cada real.
Idade (s).
O tempo irrompe.
Ali.
Deixa o estilhaçado.
Vêm às “formas”.
Potências de tudo.
Como caos de informação plástica jorrada.
(T)esse imenso eco interno.

Caos que soluça nas naturezas.
Prelúdios das viagens universais do absurdo habitante da história.

Um voo (des) persona.

97.

11 de março de 2008

... numa aproximação dirigida por uma resistência.


Aos planos campos vêm notado o insensato
da ancestral desfeita
feita.

Apresenta-se ao confronto
que esmaga
e toma

o

de condição

e
vêm
marcado

olha ®

se
em
si

veloz o termo posto

ali
posto
ali
aos espaços

que
resoluto regula se

das
redes
do
mover contido

e este

do
termo da violência
que
marca
qual

allas

das naturezas

é que passa
a
tensão

aos suspensos
estábulos
segredados
polidos
alinhados

nós.

Tropel das d’Ostensão

iradas

nos
fundos olhos
buscam velhas contas

velhas

antigas da chacina.

Faz relance

contém

o
lápis mínimo s do olhar

e
o
dizer despótico feito

o
fogo

marca nota do sacrifício
no voraz assédio

nas partes

e

no complexo

poder
reduto

em matriz acto da selvajaria

que
oculta

(a)um oriental regular da prepotência.

*

venta o vento leva
à
roda velha ancestral


Uma visita às casas do poder impresso,
duradouro.

Figuras 05.

4 de março de 2008

Invocações da estepe (final)

Faz, fica, como num sentir esgotar, antes, esgotado.
Quer ; diz as formas avançadas num compasso que tende feito a fulgir, sempre vago.
Um antes nada anterior.
Daí, (o) retomar do sentido, o sentido do sentido... acto.
Faz ; aprende e disciplina... quero dizer : é no retomar já marcado que se gera o acto.

O retomar que toma figurado é o próprio retomar que se adianta na marcação, na figuração, em acto objectivado de um rápido movimento... o fazer adiantar assim, figurado e vagamente informe ; é um fazer de violência.

Como um truncar de estar confortado (do) querer insistente de(s) conforto.

Isto é o apelo da labareda.

O pudor é a forma do que faz do ter no outro, do ter-se o outro no outro, em si.

Estes exercícios são como diarreia das formas, das palavras que irrompem em (in)tento que atira um alinhar. O tédio das formas figuradas é como uma outra estação do processo que adianta as formas, que atenta este marcar dos processos.

Este rebate, antes, rescaldo de rebate, é como que numa analítica do ânimo que gera o esgotar das formas e que, como que numa expulsão, põe-se combustível do (ânimo) de ser. (espírito)

Anima-te ! Do vazio que adianta s figurações, dos processos, vêm o adiantar ; O Sê !
Como que uma reflexão do mito Edomita.
Algo adianta e fixa (o) pôr da infiguração ; uma expulsão ; um isco.
Este pôr do mito é : Sê! –

Tivesse da máquina do mito como se forsse em motor do próprio mito ; não matissa ; não reflecte ; apenas - Sê ! - É necessário.

Fim.

27 de fevereiro de 2008

Invocações da estepe IV

Faz, , alcança.
O fazer faz pôr fé e (o) que é próprio fundamento. Próprio movimento prévio ao fazer de sentido, sentido n(d) uso de sentido elementar.

Isto é obra elementar do próprio principio, principio que move, na série, alinhada, das formas, das palavras sentidas. Como se fora índice elementar da série das formas e das palavras sentidas.

Se têm sentido busca-lhe a cor,
...navega-lhe o sentido.

Isto quer dizer que o que se têm interroga-se ; assim como investe-se no movimento, sempre retomado, que (re)diz (as) perguntas da consistência, da justificação.

E esta é a própria inversão do sentido em si que se torna como que num movimento de perversão do sentido, próprio sentido do sentido.

Sempre parece referir a uma ausência que principia em movimento, de fé e avança, sempre excedente, sem que se nunca chegue a tomar, antes, refazendo-se sempre, em figuração vaga (de nada).

Esta figuração da vaga retoma da figura traz em si própria figura que esta ; é ; acto da figuração elementar.

Sempre se renova num fazer que é figurar esta figuração do próprio principio ; sentido. Como um ruminar o eterno trabalho que vai, repetidamente, tomando (o) acto de figuração na figura que sempre replica, o sentido.

E move-se neste trabalho !
E o sentido é tido, repetidamente !

Uma urgência põe-se nesta estação, que figura o acto de figurar, pois é como (n)um sentido que carece de justificar. Isto é ; como um alto que se põe no culminar da reflexão de si, antes, do outro em si.

Poder-se-á dizer (que isto) é uma reflexão da laia da regra que renega ? Que quer tomar na figuração vaga(da) ?

O certo é que um alento sempre se anima e traz sentido nestas operações do acto... que se figura. Este movimento é por si e é em si, e é em si, noutro.

Como olhara a algo em si adivinhou no olhar uma justiça, uma linha alinhada. Uma série (já) seriada (ndo outro) e porque é já seriada é que se intenta, que reflecte em si. Tudo isto parecerá obscuro apenas porque é (um) balbuciamento e porque este balbuciar é ;- no dizer cego que é saber que não sabe e é certeza de(a) (uma) figuração, que (lhe) revela... antes ; que (lhe) descortina.

Faz então pelo que se avança e quer a forma no processo em produção da série que se lhe adianta, que se lhe transborda.

Como num mecanismo de (re) totalização, a produção atira, neste seu próprio sentido, que se transborda de(m) infinidade ; é o próprio limite vago que transborda, que o transborda.

O sentido não é então um limite antes a própria produção de limite.

Este processo de (re) figuração da figura do acto de figurar é como se fora movimento a caos da forma que adianta, pelo próprio acto, a retoma noutra produção que lhe excede o ser, que transborda noutro limite.

O sentido - se (se) fala de sentido - é externo, pois que se não consente nos limites que influem.

Um sentido na figura para sentida ao outro que não é ... informatto.

Esta é a reflexão do acto do sentido que sempre anima e refere.

26 de fevereiro de 2008

Invocações da estepe III

As imagens e os ritos produzem-se quando se suspeitam e são tidos aí, nas imagens que surgem quando o vazio é -; das palavras cépticas... como numa suspeita que contemporiza.

Volta portanto ao rito e alude e faz o que assim vêm de um rápido movimento que vêm dos olhos. O que diz ver dos olhos ? O que quer dizer ver dos olhos ? Não bastará, então, dizer dos olhos, ou mesmo, até, os olhos ?

Assim se faz por surgir e assim se concluiu uma inobservância, (uma história). Era como se fitara uma futilidade que corrói e dilacera , desvirtua. Que se poderá dizer desta história onde não se diz de nada e onde, no entanto, se faz, sempre, por tornar a ver (a) história ? Dir-se-ia de fundo(s) fundamento(s), esta história... da forma ; como numa extracção pictoral. Uma contrafacção que retoma, infinitamente !?

Imagina.
Diz-se o alhear da forma
(o) que soa real
como fora racional forma
da busca da forma.

Faz, busca, faz, toda uma geração elementar da palavra vai tomando forma como que cimentada na sua série (in)distinta.

Vagamente não verdadeiramente vago
o dizer que busca faz aos olhos ;
adentro aos olhos ?

Como tomada de inversão que transita.

Faz ; toma estar (o) que adianta-se numa tomada de transbordar; de si que se persegue, que se recolhe e alinha... que se formaliza.

Dir-se-ia simples tomar de custo ou o través de um vento ? Toma-se um fazer vago em fazer pretenso (?) Produz, então, pois esta é uma inten(s)ão que fundamenta, uma película que se cobre e ordena, que se toma e alinha em produção de forma. De inten(s)ão da forma. É como que se fora atavismo genético. Um rito de observância.

Este que trava as palavras do surgir é a própria película do conter do transbordar o que significa como que um contar o distinto do grito na película, no diafragma. E este distinto conter do grito é inten(s)ão e deixa-se à forma que é vago percurso da forma, das palavras. Este caminho cerceia do transbordar e chamar-se-á como o tomar vago que é, talvez, um infinito ou um semelhante. Diz-se ; como a tomar-se algo vago no coração que transborda, como se fora câmara de combustão de infinito, uma longa maturação. E estas são as imagens da caça, da perseguição, de um algo que corre (nas palavras) e alcança... a espaços. E Outro(s) eram as noções do alcance e faziam-se voláteis nos sons e nas partes que passavam... Cegos. Titãs. Desdobram-se as memórias memorizadas das lutas, (recorrentes), e isto é como dizer sair e dizer jorrar e, contrafeito, como a vontade que justifica, algo rebate de si que justamente flui, que se diz fluir. Por vezes neste processo que se exprime dilatam-se as vezes e tudo o que se alcança é depois das vezes e é o segredo. Segredo este , que, segundo dizem os cínicos ; vagueia (oculto) entre as vertigens e rebate sempre depois. O fazer alcança, rebate e articula.

21 de fevereiro de 2008

Invocações da estepe II

Tinha-me no tema que era na ausência do sentido formal matizado o que era a própria constituição e matiz do tema. E Faço. Faço entrar nesse espaço caótico, pois, que, onde se vê Outro apenas se vê efeito de forma e, no entanto, sem dúvida que presente nas palavras assim tomadas, algo se dá, e, é algo que se desvela... que assim fazemos por desvelar.

Que dizer no sítio destas palavras ?
Que sinal se dá® a estes corpos que se põem ?

Faço fazer e quero e o que se propõe não é um (en)surgir antes um (in)surgir, sempre renovado... que surge.

Até que onda se faça onda,
renovada,
cor coroada,
como se tivera nome,
dobrado por sobre si.

Faço, faço por tirar, faço por tirar algo, (a) esta (in)definição... (das) regra(s) que paira(m) em sentido que fundamenta sem que se lhe possa, efectivamente, tocar. Sem que, efectivamente, (o) possa sustentar. Esta própria regra, ritual (...) aposto (no corpo) que, assim, se toma (a) classe elementar ; ganha, neste processo de oposição, como que um espírito de classe. Ganha um outro que lhe confere existência. Como classe.

Tiro, faço, tiro, um rápido movimento dos olhos ... do fundo donde isso se agita estão as regras a fazer, o(s) elemento(s) específico(s). E a distinção em mim ao outro este distinto, este, é o verdadeiro objecto.

Dir-se-ia um discurso da Ética mas é antes a constatação da ética.

Por vezes deixaria (ser) (o) outro e aí algo se solta e faz, efectivamente. Será isto como que uma constatação do engano ? Quem é (...) ? Quem engana ? Quem ataca, quem defende ? É este, no fundo, digo ; o jogo da ética que é como um jogo da paz ou da guerra.

O fazer por algo é antes o fazer algo e o fazer... como poderia o fazer enganar ?!

Faz, enfim ! Pois que se surge esse fazer da dança, da loucura, - e não será a loucura uma dança ? - o desejo então bate (repetidamente) as portas do desejo e bate, bate enfim, ensaia as saídas que marcam as soberanas contradições. A regra, a locução.

Quer-se assim a firmeza e a fantasia numa obediência da voz que ecoa as rostos do desgaste. Faz, ira, extrai, enfim... as ressonâncias dessa voz que nunca o foi e, antes, sempre o foi, é marcada, assim, distinguida de diferença. Não será algo que se furta ou revela é algo que é revelado e se não limita, antes, é limitado. Esta produção é a produção de (...) que é de tema de dança, de limitação.

Como, então ? Que há – antes - ao que será ? As falências lógicas da forma ecoam da loucura que diz a forma, antes, que diz do som que é como eco da forma, moribunda.

O atingir de algo é o atingir dos sons e cheiros, do cheiro da forma. É o discorrer do rito que, antes, é o discorrer entre o rito. É como elogio fúnebre da forma do rito.

20 de fevereiro de 2008

Invocações da estepe I

A busca ou (a) geração das palavras busca-se no balbuciar, antes, força-se em extracção. É uma violência no rápido mover dos olhos. A intuição desta possibilidade sem (um) sentido... repito... a possibilidade sem sentido é sentido que é presença, antes, nem sequer é presença...

Tertio excluído potência.
Numa única marcação.

As palavras sem sentido brotam no rápido movimento da busca, da invocação. É (como) busca do agente que gera, (no combate livre), (uma) sistemática figura que toma ;- stigmatta que é potência - veículo. O combate é feito agente e faz por libertar as suas artes... a sua imaginação... os seus esclarecimentos... os seus esclarecimentos de si.Esta é a forma de um prazer que soluciona em marcar da marcação, uma potência em distinção num rápido movimento que faz por não vir... por não chegar a uma superfície, antes, a um contacto... a uma libertação, pois pese o paradoxo. Este acto do agente inpensado intui – despoletado - num rápido, contido, movimento ; que faz-se no correr sonâmbulo que se ultrapassa em desconhecimento.

Quê sair ?
Que sai ;
Que se faz por sair ?

É, no fundo, (um) (próprio) algo fazer sair, pois, conquanto se quer da forma, (que sempre se escapa), adivinha-se, informado da (sua) ausência - , antes ; que na razão que sempre apela e constrange se sabe de não(m) forma. Este fazer forçar e fazer é trabalho premeditado sobre nada, uma marcação de processos de repetição que busca... que busca (m)... movediços territórios, de nada, que são como os entraves da tormenta da coisa, em preâmbulo da revelação de qualquer outra coisa. ? Um não recipiente... um na(m) veículo ?!

A forma buscanda é nada mais que tema de forma.

Fazer - faze (lo) – é ; passo a passo, numa paradoxal incongruência, ou, então, é não passo a passo, mas, sim, totalidade. Isto é ; logaritmo e abstracção. Trata-se, enfim, de tirar algo a nada o que, por si, é algo de puramente ilógico. As formas vão sucedendo-se no absurdo que é o seu contexto e vão renovando este contexto, surgem, (n)estí verdadeiro acto que é transformação do contexto e, assim sendo, as palavras, ou as formas que estas suscitam, são (in)determinantes no adquirir, no tomar do tema d(a)e forma. A palavra certa que toma certo é acção do tema – de(o) algo - que se busca.

As representações continuam os manifestos condicionados em presença do poder. A luta é tomar como num salto de subversão.

Faz, faz, faz!
Três vezes faz.
O dizer tudo.
Todas as vezes.

O que ; - porquanto se não pretenda tema, volto a dize-lo – se quer e está, sempre, anteriormente presente. É como sentido de tema, como sentido de busca de sentido, de tema. Um exercício processual de geração num rápido movimento e há um abreviar da vertigem no fluir e, aqui, é como (que) jogo que atinge o momento da definição... o momento de câmara lenta. Pois que onde se diz escolhe-se – aí - o momento que é fora. O momento fora de si.

O momento da vertigem fora de si - ou de ; vertigem, em vez da ; vertigem - é que demarca a indiferença da vertigem.

Não é como pescador paciente antes como jogador apressado que força - inveterado de nada a cada mão – (os) mundos de nada, num irromper de nada, num irromper que é de nada.

Palavras, palavras. Agora duas vezes.

Na noção agastada
d’um toque de semelhança
- que é antes luz –
o febril faz por seguir,
indiferente a(o) prévio toque.

Pura ânsia de mais.

São cifras (marcações) que surgem destes rituais que são, autenticamente, surgidos de nada, diria ! Diria ? Não será decerto para algo marcar que diria, antes, para marcar em clareza, em discorrer da claridade.

Estes rituais - que são de nada que se colora em noção - são fórmulas e feitos e palavras que se nocionam e que, (por esse meio), atiram o acto por meio do que é algo (entre parênteses e portanto já definido) que surge na busca de nada.

Faz, portanto, extrai, possibilita. São estas as partes de um tema que surge invocado de dissolução.
E o que quer isto dizer ? Que uma marcação, repetida, toma-se de processo, induz, inicia. Traz ao trabalho o gritante apelo informado que busca, sempre além.
Pois tira, imprime, faz. Faz (o) ostensivo que é palavra que toma e demonstra à luz, que traz no representar o movimento, a possessão da palavra que sempre tarda e que, portanto, é óbvia na (sua) conotação (marcada de um desdizer) que voga em raiva de surgir elementar.

Dizia e fazia na minha mente que o que via não era uma qualquer via diacrónica antes via (a) cronia velada que sulca... não é ?

Diz que as formas jorram-te !
Que são elas (a) cronia e que sempre há a possibilidade de fulgir, de entorpecer, de denegrir do rasto.

A forma aspira a não forma.
A (não) não forma aspira “não forma”.